SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) Mais de 1 milhão de pessoas deixaram a Ucrânia durante a primeira semana da guerra deflagrada pela invasão russa. E nenhuma delas chegou a São Paulo até a quinta (3), segundo a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

A secretária Claudia Carletto disse à reportagem que a capital paulista está em busca de tradutores e intérpretes de ucraniano e russo para a eventual chegada de migrantes.

"Mais importante do que ter expectativa é estar preparado para caso isso aconteça. Nós temos a experiência do fluxo migratório intenso de venezuelanos para o Brasil. Temos essa experiência de migração em casos de grandes crises humanitárias", afirmou.

Carletto diz que a secretaria está em constante contato com a comunidade ucraniana em São Paulo e assim espera encontrar tradutores e intérpretes. A pasta também prepara um cartaz informativo nos dois idiomas para apresentar àqueles que buscarem o Brasil como refúgio.

A cidade de São Paulo tinha em 2020 mais de 290 mil migrantes internacionais. A comunidade ucraniana no município tem cerca de 10 mil pessoas entre migrantes e descendentes.

O acolhimento de migrantes na cidade é feito em trabalho conjunto de secretarias, incluindo as pastas da Saúde e de Assistência Social, bem como a de Direitos Humanos, por meio do Crai (Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes).

Há em São Paulo 545 vagas de acolhimento especial para a população migrante. São locais onde as famílias vivem por tempo determinado até que possam se instalar definitivamente na cidade por conta própria.

"São casas de passagem onde essas pessoas são orientadas sobre o que precisam para viver na cidade [como documentos] e sobre os serviços aos quais têm direito", diz Carletto.

Qualquer migrante internacional na capital tem direito a se vacinar e a matricular crianças nas escolas municipais mesmo sem ter sua situação regularizada.

"Migrantes e refugiados têm acesso a todos os serviços. É uma política da cidade. Na pandemia, por exemplo, tínhamos receio de que a população migrante que não conseguia se regularizar por questões relacionadas à Polícia Federal não se vacinasse, então produzimos materiais informativos e divulgamos que poderiam se vacinar independentemente da sua situação legal", afirma a secretária.

São Paulo também oferece a migrantes e refugiados curso gratuito de português no contraturno das escolas, durante a noite, na rede municipal de ensino.

Para Carletto, além de ajudar os recém-chegados a se familiarizar com o idioma, há um ganho na construção de relações entre migrantes de igual ou diferente nacionalidade.