SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O sétimo dia da guerra na Ucrânia começou com bombardeios durante a noite desta quarta-feira (2) em Kharkiv, segunda maior cidade do país. Ao menos quatro morreram e nove ficaram feridos.

Já pela manhã (madrugada no Brasil), as tropas russas atacaram a sede da polícia. De acordo com o jornal Pravda, o vice-chefe da Administração Estatal Regional de Kharkiv, Roman Semenukha, diz que o edifício do Departamento Regional de Assuntos Internos e um imóvel vizinho, onde há uma casa, também foram atingidos. Um incêndio é registrado no local.

Além do Departamento de Polícia, o prédio da Faculdade de Sociologia na Universidade Nacional de Karazin também está pegando fogo, relatou em mensagem no Telegram o assessor do Ministério do Interior, Anton Gerashchenko.

Mais cedo, o Exército ucraniano havia informado que tropas aerotransportadas russas tinham chegado a Kharkiv e atacado um hospital, e que combates estavam em curso. "Praticamente não há mais áreas em Kharkiv que não tenham sido impactadas por projéteis de artilharia", afirmou Gerashchenko.

Nesta terça, a cidade já havia sido alvo de Moscou, cujos mísseis atingiram áreas residenciais e o prédio da administração local. Até o momento, foram confirmados 21 mortos e 112 feridos.

No sul, o Exército russo reivindicou a tomada de Kherson, cidade portuária de 290 mil habitantes que passou a terça-feira (1º) cercada. Logo no início da invasão, ainda na sábado (26), tropas do governo de Vladimir Putin chegaram a destruir uma barragem de concreto construída na região para cortar o fornecimento de água à Crimeia.

A Ucrânia havia bloqueado o abastecimento de água doce para a península, feito por meio de um sistema da época soviética que canalizava a água do rio Dnieper, antes de Moscou anexar a região.

Nesta quarta, o prefeito Igor Kolikhaiev chegou a anunciar que a cidade, alvo de intensos bombardeios nas últimas horas, continuava sob controle ucraniano. Mais tarde, porém, o porta-voz do Ministério da Defesa, Igor Konashenkov, relatou que as tropas russas tomaram o controle total do centro regional de Kherson.

Na capital Kiev, após um dia destrutivo, a imprensa ucraniana relatou novas explosões durante a noite e em Bila Tserkva, a cerca de 80 km ao sul. Bombardeios intensos também foram registrados em Mariupol, cidade à beira do mar de Azov.

Diante da ofensiva russa, o presidente Volodimir Zelenski diz que Moscou quer apagar o país. "Eles não sabem nada sobre Kiev, sobre a nossa história", disse em pronunciamento televisionado. "Mas todos eles têm ordens para apagar nossa história, apagar nosso país, apagar todos nós."

Segundo o mandatário, nos primeiros seis dias, cerca de 6.000 russos foram mortos -número difícil de ser verificado, enquanto Moscou não dá detalhes sobre baixas.

Zelenski também disse que o Kremlin não iria tomar seu país com bombas e ataques aéreos. Em referência à ação contra Babi Iar -memorial em homenagem a judeus mortos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial- o presidente afirmou que "prova que para muitas pessoas na Rússia nossa Kiev é absolutamente estrangeira".

A expectativa desta quarta gira em torno de uma possível segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia. O encontro foi noticiado pela mídia ucraniana e anunciado também pela agência de notícias russa Tass -que creditou a informação a jornais do país vizinho. A reunião, porém, ainda não foi confirmada pelas diplomacias dos dois países.