RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - O governador da Bahia, Rui Costa (PT), deverá ficar no cargo até o fim do mandato, em dezembro. A decisão ocorre após a escolha do secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, como pré-candidato do partido ao governo.

A oficialização de Jerônimo aconteceu nesta sexta-feira (11), após reunião do diretório estadual do PT.

"Apresentaremos o nome de Jerônimo ao conjunto dos partidos aliados e ao governador Rui Costa para construção da chapa de Lula na Bahia. Agora é Lula lá e Jerônimo cá", afirmou o presidente do PT no estado, Éden Valadares.

"Militante petista, aliado dos movimentos sociais, com comprovada capacidade técnica e liderança política, Jerônimo tem todos os atributos para liderar o palanque de Lula na Bahia e vencer as eleições", acrescentou.

O novo pré-candidato petista foi escolhido após sucessivas semanas de turbulência na base aliada de Rui Costa, desde que o senador Jaques Wagner (PT-BA), padrinho político do governador, externou a decisão de não ser candidato ao governo baiano.

Jerônimo nunca exerceu mandatos eletivos. Ele foi coordenador das campanhas eleitorais de Rui Costa em 2014 e 2018 e é próximo ao governador.

Com Jerônimo como pré-candidato ao governo do estado e a saída de Rui Costa do páreo para o Senado, o senador Otto Alencar (PSD) tem caminho pavimentado para a disputa da reeleição.

Otto, inclusive, teve o nome cotado para assumir a cabeça de chapa, mas externou preferência pela reeleição ao Senado ao invés de disputar o Palácio de Ondina.

Agora, a dúvida recai sobre o apoio do PP a Jerônimo Rodrigues. Atualmente, o partido tem o vice-governador João Leão no arco de alianças.

Ele foi protagonista do principal foco de tensão nos últimos dias no palanque governista. O vice-governador ameaçou, na quarta-feira (9), romper com o PT. Em paralelo, disse que cogita se lançar para a disputa do governo estadual ou se aliar ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), principal nome da oposição.

João Leão ficou chateado porque soube via imprensa, por meio de declarações do senador Jaques Wagner, que Rui Costa ficaria no governo até dezembro. Até então, a tese mais forte era de que o governador renunciaria e disputaria o Senado, o que abriria caminho para João Leão governar a Bahia por nove meses. Nesse cenário, Otto Alencar seria o candidato a governador.

No entanto, a sinalização de que isso poderia acontecer provocou uma rebelião interna no PT, mesmo após o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em paralelo, Otto indicou a aliados que prefere disputar a reeleição de senador.

Horas após a ameaça de Leão de romper com o PT, Jaques Wagner pediu desculpas ao vice-governador.

Caso o PP siga na aliança governista, o PT prefere que o partido aliado fique na posição de vice novamente. Dessa vez, o mais cotado é o deputado federal Ronaldo Carleto (PP).

Com a permanência de Rui Costa no cargo de governador, uma candidatura própria de João Leão perde força, porque Leão não disputaria a eleição na cadeira de chefe do Executivo.

Na manhã desta sexta (11), o governador Rui Costa disse, em entrevista após um evento, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá à Bahia na próxima semana para oficializar a chapa governista.

Até lá, a expectativa é de dias com negociações e articulações, principalmente do governador Rui Costa, que assumiu o comando do processo sucessório no PT baiano.

Nesse intervalo, também poderá haver uma reunião de Lula com João Leão e outros integrantes do PP para solucionar o impasse com o partido na Bahia.

Com a escolha de Jerônimo Rodrigues, foram descartados outros nomes cotados no PT, a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, e o secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano.

O PT governa a Bahia desde 2007, com dois mandatos de Jaques Wagner e depois dois de Rui Costa, que está no último ano do governo. João Leão é vice de Rui desde que o petista assumiu o Palácio de Ondina, em 2015. Já Otto Alencar foi vice-governador no segundo mandato de Jaques Wagner e foi eleito senador em 2014 na mesma chapa de Rui e Leão.

Antes aliado do ex-governador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), Otto virou aliado de Jaques Wagner e, atualmente, é amigo pessoal do petista. Além disso, é da confiança do ex-presidente Lula.

No campo da oposição, o pré-candidato do União Brasil é o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Além dele, também deve disputar o governo baiano o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), que poderá se filiar ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Para se candidatar, Roma tem que deixar o cargo até o início de abril, conforme exige a legislação eleitoral.