BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Dois repórteres do grupo Band tiveram de ser socorridos enquanto cobriam manifestação de policiais e agentes de segurança de Minas Gerais em Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira (9), depois do estouro de uma bomba.

A repórter Laura França, da emissora em Minas, foi levada para hospital da cidade.

Além dela, outro profissional do grupo Band, o repórter Caio Tárcia, da BandNews, foi hostilizado e alvo de bomba quando acompanhava o protesto.

Os dois passaram por exames nesta tarde. Foi constatado trauma auditivo momentâneo, sem lesões permanentes, conforme nota divulgada pela TV Band no final da tarde desta quarta.

Durante toda a manifestação, em seu início, na praça da Estação, no caminho que seguiram até praça Sete, e depois na rua da Bahia, o uso de bombas foi constante pelos manifestantes.

Os artefatos eram jogados próximo aos manifestantes e também dentro de bueiros, produzindo um som mais abafado, mas forte.

O lançamento das bombas ocorria mesmo depois de quatro avisos feitos pelos coordenadores do ato, de cima de um carro de som, para que o estouro dos artefatos cessasse.

Tárcia disse à reportagem ter sido chamado de lixo por parte dos manifestantes enquanto registrava cenas do ato. O trauma auditivo temporário pelo barulho da bomba ocorreu no ouvido direito. Ele está afastado do trabalho para recuperação.

O repórter portava o crachá da empresa e, de repente, conta que percebeu ter sido lançada uma bomba em sua direção.

"Em seguida, manifestantes começaram a me chamar de lixo, apontar para uma lata de lixo que estava próxima e gritar 'vai embora'", contou. "Entrei em uma loja para me recuperar e segui para o hospital."

Mesmo depois do estouro da bomba, que ocorreu próximo ao cruzamento das ruas Bahia e Augusto de Lima, na região central da capital, ele fez um vídeo mostrando como os manifestantes o tratavam.

Laura afirmou à reportagem que cobria o ato e seguiu para um ponto com menos manifestantes, para que pudesse se comunicar com a redação da emissora.

"Não vi de onde veio a bomba", disse ela, no início da noite após realizar exames. "Graças a Deus não houve nenhuma lesão permanente."

A jornalista afirmou que não estava com nada que a identificava como repórter, mas seu cinegrafista, além da câmera, usava o crachá da empresa.

"A explosão não me atingiu, porém, como eu estava muito perto, o barulho fez com que eu perdesse temporariamente a audição do meu lado direito, além da dor", disse a repórter. Ela deve ficar de repouso pelos próximos dias.

Em nota, o Grupo Bandeirantes disse que "repudia e cobra providência acerca dos incidentes ocorridos durante a manifestação das forças de segurança pública em Minas Gerais que colocaram em risco a integridade física de dois profissionais da empresa".

"Além das bombas, vários policiais, contrariando decisão da Justiça, protestavam armados. A Band repudia a atitude dos manifestantes e cobra da Polícia Militar o acompanhamento do protesto, garantindo a segurança dos envolvidos, inclusive dos profissionais da imprensa. A emissora também exige responsabilidade das categorias envolvidas no ato e solicita o acompanhamento do caso pelo governo de Minas, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG)", acrescentou a nota.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública divulgou nota nesta quarta afirmando que vai apurar "comportamentos inadequados" de servidores por paralisações e também durante a manifestação.

"A Sejusp ressalta que não compactua com desvios de condutas de servidores públicos, que devem ser os primeiros a prezar e zelar pela segurança do cidadão mineiro", afirmou a pasta, em nota.