Reforma do IR é adiada para terça-feira após pressão por mais tempo para discussão
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quinta-feira, 12 de agosto de 2021
FÁBIO PUPO, DANIELLE BRANT E JULIA CHAIB
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A votação do projeto de lei que altera regras do Imposto de Renda foi adiada pelo segundo dia seguido após lideranças pedirem mais tempo para debater as mudanças. A expectativa agora é que a deliberação ocorra na próxima terça-feira (17).
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), planejava fazer a votação em plenário nesta quinta-feira (12) mesmo em meio a críticas ao texto feitas por estados e pela iniciativa privada.
A votação estava prevista originalmente para a última quarta-feira (11), mas havia sido adiada em meio às críticas sobre o projeto. Lira fez uma nova tentativa para esta quinta, mas postergou novamente após pedidos da base aliada.
Parlamentares aliados ao governo querem mais tempo para discutir as mudanças e também defenderam ler com antecedência o texto do relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA).
Líder do DEM na Câmara, o deputado Efraim Filho (PB) lembrou que a semana teve votações importantes voto impresso e reforma eleitoral e que, por isso, as bancadas não conseguiram se debruçar sobre a tributária.
O tema é conhecido, está lá publicado, tem nota técnica, mas não tivemos tempo de discutir as divergências, disse. O relator, deputado Celso Sabino, tem feito um trabalho extremamente dedicado de ouvir, de dialogar, mas é preciso amadurecer o texto.
O deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) pediu também que Sabino disponibilize o texto com antecedência para que os partidos consigam analisar a proposta corretamente.
O que nós pedimos é tempo para poder fazê-lo e que o texto seja consolidado. O deputado Celso Albino até ontem e até hoje está fazendo ajustes, está tendo conversas. É importante que possamos fazer uma boa análise e os destaques adequados em plenário. Mas com um texto na mão.
No plenário, após o pedido para que a votação fosse adiada, Lira afirmou que não haveria consenso sobre o texto e que o assunto só serviria de especulação para que as corporações que estão querendo manter privilégios continuem a tentar negociar dentro do lobby do plenário desta Casa e do Senado Federal, o que é perfeitamente normal.
Lira fez referência aos cálculos de estados, que apontam ficar com um buraco na arrecadação caso o texto seja aprovado. Ele afirmou que não levaria o texto ao plenário se não houvesse a certeza de que estados e municípios não teriam perda.
Não há possibilidade de uma matéria tributária ter consenso no plenário, ela vai ter maioria, o que, num projeto de lei, já é bastante primoroso e efetivo para que a população saiba que temos grandes chances de fazer muito bem a muitos setores, muitas pessoas, e produzir o primeiro passo da reforma tributária no Brasil, disse.
Lira, Sabino e a equipe econômica têm pressa para votar o projeto. A terceira versão do substitutivo do relator, com 99 páginas, foi protocolada no sistema da Câmara às 23h12 de terça-feira (10) para ser votado em plenário no dia seguinte.
O deputado passou a preparar uma quarta versão do substitutivo e a apresentou na noite desta quinta. Sabino fez uma ampliação na isenção de dividendos usados por profissionais liberais.
O texto agora permite que micro e pequenas empresas (que faturam até R$ 4,8 milhões por ano) que recolhem tributos pelo chamado lucro presumido (regime simplificado) possam distribuir dividendos sem serem taxadas.
No terceiro substitutivo apresentado por Sabino, havia um limite de até R$ 20 mil de dividendos para pequenas empresas, enquanto as do Simples já haviam ganhado a possibilidade de distribuir lucros isentos sem limites.
Para compensar o impacto da nova mudança, o relator diminuiu o corte no IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica), de 9,5 pontos percentuais para 8,5. Com isso, a alíquota-base do IRPJ cairia de 15% para 6,5%
Na versão anterior, o corte de 9,5 pontos percentuais seria feito em um ciclo mais longo. A alíquota de IRPJ cairia de 15% para 6,5% em 2022 e para 5,5% em 2023.
Além de ter potencial para elevar a popularidade do governo entre a baixa renda por aumentar a faixa de isenção da pessoa física, o texto concede R$ 20 bilhões de respaldo para a turbinada do Bolsa Família ao atender requisitos da Lei de Responsabilidade Fiscal (que exige compensação orçamentária para novas despesas).
Isso não significa que o projeto da reforma no Imposto de Renda trará mais recursos. Na verdade, estados e municípios calculam ter perda de R$ 16,5 bilhões com a terceira versão do substitutivo, graças aos cortes no IRPJ dividido com governadores e prefeitos.
Já a União não teria perdas desde que aprovadas todas as medidas compensatórias previstas, como o fim de supersalários, fim de isenções em auxílios do funcionalismo e fim de subsídios a setores específicos.
Parlamentares aliados ao governo querem mais tempo para discutir as mudanças e também defenderam ler com antecedência o texto do relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA).
Líder do DEM na Câmara, o deputado Efraim Filho (PB) lembrou que a semana teve votações importantes voto impresso e reforma eleitoral e que, por isso, as bancadas não conseguiram se debruçar sobre a tributária.
O tema é conhecido, está lá publicado, tem nota técnica, mas não tivemos tempo de discutir as divergências, disse. O relator, deputado Celso Sabino, tem feito um trabalho extremamente dedicado de ouvir, de dialogar, mas é preciso amadurecer o texto.
O deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) pediu também que Sabino disponibilize o texto com antecedência para que os partidos consigam analisar a proposta corretamente.
O que nós pedimos é tempo para poder fazê-lo e que o texto seja consolidado. O deputado Celso Albino até ontem e até hoje está fazendo ajustes, está tendo conversas. É importante que possamos fazer uma boa análise e os destaques adequados em plenário. Mas com um texto na mão.
No plenário, após o pedido para que a votação fosse adiada, Lira afirmou que não haveria consenso sobre o texto e que o assunto só serviria de especulação para que as corporações que estão querendo manter privilégios continuem a tentar negociar dentro do lobby do plenário desta Casa e do Senado Federal, o que é perfeitamente normal.
Lira fez referência aos cálculos de estados, que apontam ficar com um buraco na arrecadação caso o texto seja aprovado. Ele afirmou que não levaria o texto ao plenário se não houvesse a certeza de que estados e municípios não teriam perda.
Não há possibilidade de uma matéria tributária ter consenso no plenário, ela vai ter maioria, o que, num projeto de lei, já é bastante primoroso e efetivo para que a população saiba que temos grandes chances de fazer muito bem a muitos setores, muitas pessoas, e produzir o primeiro passo da reforma tributária no Brasil, disse.
Lira, Sabino e a equipe econômica têm pressa para votar o projeto. A terceira versão do substitutivo do relator, com 99 páginas, foi protocolada no sistema da Câmara às 23h12 de terça-feira (10) para ser votado em plenário no dia seguinte.
O deputado passou a preparar uma quarta versão do substitutivo e a apresentou na noite desta quinta. Sabino fez uma ampliação na isenção de dividendos usados por profissionais liberais.
O texto agora permite que micro e pequenas empresas (que faturam até R$ 4,8 milhões por ano) que recolhem tributos pelo chamado lucro presumido (regime simplificado) possam distribuir dividendos sem serem taxadas.
No terceiro substitutivo apresentado por Sabino, havia um limite de até R$ 20 mil de dividendos para pequenas empresas, enquanto as do Simples já haviam ganhado a possibilidade de distribuir lucros isentos sem limites.
Para compensar o impacto da nova mudança, o relator diminuiu o corte no IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica), de 9,5 pontos percentuais para 8,5. Com isso, a alíquota-base do IRPJ cairia de 15% para 6,5%
Na versão anterior, o corte de 9,5 pontos percentuais seria feito em um ciclo mais longo. A alíquota de IRPJ cairia de 15% para 6,5% em 2022 e para 5,5% em 2023.
Além de ter potencial para elevar a popularidade do governo entre a baixa renda por aumentar a faixa de isenção da pessoa física, o texto concede R$ 20 bilhões de respaldo para a turbinada do Bolsa Família ao atender requisitos da Lei de Responsabilidade Fiscal (que exige compensação orçamentária para novas despesas).
Isso não significa que o projeto da reforma no Imposto de Renda trará mais recursos. Na verdade, estados e municípios calculam ter perda de R$ 16,5 bilhões com a terceira versão do substitutivo, graças aos cortes no IRPJ dividido com governadores e prefeitos.
Já a União não teria perdas desde que aprovadas todas as medidas compensatórias previstas, como o fim de supersalários, fim de isenções em auxílios do funcionalismo e fim de subsídios a setores específicos.

