SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nas últimas semanas, as atenções dos investidores e a oscilação das ações nas Bolsas globais têm respondido principalmente às sinalizações do Federal Reserve (banco central norte-americano) sobre o início do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos.

O aumento dos juros na maior economia global vem na esteira da persistente pressão inflacionária, resultado de uma economia em forte tração desde meados de 2020.

Durante participação no Fórum Econômico Mundial nesta sexta-feira (21), Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, afirmou que, diante do momento aquecido da economia, os níveis de inflação estão nos maiores patamares desde a década de 1980.

"O ritmo de recuperação da economia americana superou até as expectativas mais otimistas, em grande medida pelo avanço rápido da vacinação e pelo plano de auxílio do governo às famílias, empresas e estados", afirmou Yellen, acrescentando que foram criadas cerca de 6 milhões de vagas de emprego no ano passado nos EUA, e que o mercado de trabalho parece saudável, sem qualquer sinal de deterioração no curto prazo.

Ela disse ainda que o movimento de recuperação da atividade econômica prossegue robusto, com estimativas que apontam para um crescimento de 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA em 2021, e de 3,3% em 2022.

Segundo a secretária do Tesouro americano, a pandemia do coronavírus e os gargalos nas cadeias de produção não serão suficientes para impedir a continuidade da recuperação na economia.

Yellen disse também que as forças econômicas que mantiveram a taxa de juros baixa nas últimas décadas continuarão após o fim da pandemia, o que ajudará a manter a dívida americana manejável.

Ela afirmou que, embora a proporção entre a dívida e o PIB dos EUA esteja maior do que no passado, a carga de juros "é muito administrável".

As políticas fiscais do governo Biden, que combinam planos de gastos adicionais com aumentos de impostos, são "projetadas para garantir que esses pagamentos de juros permaneçam gerenciáveis e que a dívida em relação ao PIB se estabilize em níveis controláveis no longo prazo".

A secretária assinalou ainda que o governo Biden está buscando estratégias para aliviar as pressões inflacionárias e rebatizou sua agenda econômica de "economia moderna do lado da oferta" para elevar a oferta de mão de obra.

"A economia moderna do lado da oferta procura estimular o crescimento econômico, impulsionando a oferta de trabalho e aumentando a produtividade, ao mesmo tempo que reduz a desigualdade e os danos ambientais", afirmou Yellen. "Essencialmente, não estamos apenas focados em alcançar um número alto de crescimento que seja insustentável --estamos buscando um crescimento inclusivo e verde."