SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um iate clube de Ubatuba (226 km de SP) está oferecendo uma recompensa a quem caçar ou matar tubarões envolvidos em dois incidentes no início deste mês. O pedido provocou revolta de ambientalistas na cidade do litoral norte paulista.

A mensagem, encaminhada em nome do comodoro -denominação técnica de presidente de clubes náuticos-, indica preocupação com danos ao turismo no município. "Como consequência do grande destaque dado pela mídia a ataques a banhistas ocorridos nos últimos quinze dias", afirma trecho da mensagem.

Segundo o texto, o animal pode ser capturado vivo ou morto. "Institui um prêmio pela captura ou eliminação do organismo causador desses ataques. Em se tratando realmente de um esqualo, o prêmio consistirá no valor mínimo inicial de R$ 20 por centímetro de comprimento do animal", afirma o texto.

"A confirmação será concedida, em caso de cação cujo porte justifique a possibilidade de ter sido o autor dos ferimentos aos banhistas, pela não ocorrência de outros ataques no prazo de sessenta dias", diz o texto.

A mensagem provocou furor entre ativistas envolvidos na preservação da fauna marinha no litoral norte. Eles dizem já te compartilhado a mensagem para o Ibama (O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e para o ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

Um desses ativistas disse à reportagem, sob anonimato, que já ligou para o iate clube e tentou falar com o autor da mensagem. Ele afirmou que incitar a captura de tubarões é crime, mesmo que seja feita por meio de mensagem por email.

Procurado para comentar o assunto, o promotor Bruno Orsini Simonetti afirmou ter tomado conhecimento da denúncia e vai instaurar um procedimento para investigar o caso.

O comodoro autor da mensagem foi procurado no iate clube que administra, porém, não atendeu ao pedido de entrevista. Um email foi enviado com os questionamentos, porém, não foi respondido até a conclusão desse texto.

Ataques O primeiro ataque ocorreu no dia 3, na praia do Lamberto. Um turista francês de 59 anos sofreu cortes na perna enquanto nadava.

Onze dias depois, no dia 14 último, uma idosa de 79 anos foi atacada enquanto se banhava Praia Grande. Quem confirmou se tratar de um tubarão foi o professor Otto Bismarck Gadig, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), por meio de um laudo emitido a pedido do Instituto Argonautas.

Otto é considerado um dos maiores especialista em tubarões do Brasil.

Dias após a divulgação do laudo, a prefeita de Ubatuba, Flávia Pascoal (PL), foi às redes sociais dizendo não se tratar de tubarão, apenas pelo fato do animal não ter sido visto. Procurada desde a última quarta-feira (24) para comentar o assunto, ela não respondeu aos pedidos de entrevista.