BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira (3) e falou da possibilidade de encarar a Covid-19 como uma endemia.

Segundo o ministro, há parâmetros técnicos e indicadores epidemiológicos a serem analisados. Na sua visão, o cenário epidemiológico está mais controlado, e o número de mortes está caindo.

"É uma discussão que não é só do Ministério da Saúde. Embora seja uma decisão do ministro [da Saúde], é uma decisão que passa por outras pastas. Estamos trabalhando para passar uma posição bem tranquila para a população brasileira", disse o ministro.

Nós temos o cenário epidemiológico bem mais controlado como prevíamos, né? Os casos estão caindo, a média móvel de óbito caindo também e o sistema de saúde suportou bem a pressão da ômicron enquanto a campanha de vacinação do Brasil é um orgulho de todos os brasileiros", acrescentou.

No começo deste ano, alguns países, como Reino Unido e Dinamarca, decidiram passar a encarar a Covid-19 como uma endemia e relaxar restrições.

Antes do ministro falar sobre o assunto, Bolsonaro já havia publicado em suas redes sociais sobre a possibilidade desse rebaixamento.

"Em virtude da melhora do cenário epidemiológico e de acordo com o § 2° do Art. 1° da Lei 13.979/2020, o @minsaude , @mqueiroga2 , estuda rebaixar para ENDEMIA a atual situação da COVID-19 no Brasil", publicou o presidente nas redes sociais.

Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, a medida seria ainda novo aceno ao presidente. Queiroga tem apostado em agrados à base de apoiadores do governo para se agarrar ao cargo.

Em discussões preliminares, auxiliares de Queiroga ainda tentam decifrar a vontade do ministro, mas já avaliam que a mudança pode exigir revogar ou mexer na portaria da Saúde de fevereiro de 2020 que declarou a Espin (Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional).

A mais sensível delas é a autorização emergencial de uso de vacinas e medicamentos. Pelas regras atuais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esse tipo de aval que foi dado a Coronavac e ao imunizante da Janssen, por exemplo, acaba quando a portaria for revogada.

Gestores do SUS, porém, consideram precipitado abrir a discussão sobre tratar a Covid como endemia e reduzir as restrições. Um dos motivos é que o país continua com um número alto de mortes por dia.

O Brasil registrou nesta quarta-feira (2) 335 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 650.052 óbitos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias é de 509.

Houve redução de 39% em comparação com a média de 14 dias atrás, mas a análise precisa ser feita com cautela devido ao feriado de carnaval.

Os dados do país, coletados até 20h, são fruto de colaboração entre Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus.