SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Desde o início das gravações de "Quanto Mais Vida, Melhor!", Giovanna Antonelli (Paula), Vladimir Brichta (Neném), Valentina Herszage (Flávia) e Mateus Solano (Guilherme) já sabiam que na metade da trama uma grande virada marcaria o folhetim: a troca de corpos entre os protagonistas. A mudança acontece agora, no capítulo deste sábado (26), quando Paula assume o corpo de Neném, e ele o dela; e Flávia passa a agir como o médico, e ele passa a ser a dançarina.

"É diferente de tudo o que eu já fiz na TV", diz Antonelli, presença constante em novelas na Globo nas últimas duas décadas. A comparação com "Se eu Fosse Você" é "imediata", pontua Giovanna. Mas, ainda que o filme de 2006 seja uma referência para o quarteto, eles ressaltam que há uma grande diferença.

Na telona, Gloria Pires e Tony Ramos trocam de papéis por algumas horas. Já no folhetim de Mauro Wilson, a mudança entre os personagens vai durar mais de 40 capítulos. "A gente não troca de corpos, faz três piadas e volta", frisa Vladimir Brichta. De fato, os atores assumem outros personagens. E com um complicador: personagens que já existiam.

"Agora, estou com frio na barriga de novo porque é praticamente como se a gente fosse estrear uma novela nova, com novos personagens, um novo olhar", pontua Giovanna.

Brichta destaca outro desafio. Além de interpretar a Paula no corpo de Neném, ele precisa fazer a empresária fingindo para o restante do elenco que é o jogador de futebol. Confuso? Um tanto, mas que deve salientar o lado cômico do folhetim, aposta Brichta.

Há momentos divertidos programados como Mateus Solano na pele de Guilherme/Flávia dançando pole dance, e Neném jogando mal futebol já que é, na verdade, Paula. Brichta brinca, aliás, que foi mais fácil fazer a cena como "um perna de pau" do que sendo um craque de bola.

Mas o ator ressalva que nem tudo será só diversão. "A trama precisa andar. Se tem uma coisa que brasileiro entende é futebol e novela [...] Não dá para a gente tentar enrolar. Não adianta só ter cenas cômicas, precisa engajar o público na história", reforça.

Cientes do que ocorreria na metade do folhetim, os atores revelam que desde o início já construíram os personagens pensando em características marcantes para cada um, que poderiam ser facilmente reconhecidas pelo público e servissem como uma ajuda na hora da inversão dos papéis.

No caso de Neném e Paula, uma lista de trejeitos típicos de cada um foi trocada entre os artistas. Brichta cita que a personagem de Antonelli costuma estalar os dedos para chamar alguma pessoa, enquanto Neném tem uma piscadinha típica que dá um ar de "malandragem" ao jogador.

"É um trabalho que não é exatamente uma imitação, mas que também se vale um pouco da imitação", diz o ator. "Eu preciso fazer um personagem crível, mas eu não preciso fazer à perfeição a Paula, porque ela só é essa Paula no corpo da Giovanna. Quando eu faço, é a Paula no corpo do Vladimir", complementa ele.

A pandemia ainda atrapalhou o processo dos atores. Por causa dos protocolos de segurança adotados pela Globo para evitar a contaminação nos estúdios, as filmagens ficaram mais lentas e, como precaução, a novela estreou com todos os capítulos já gravados. Isso significa que o quarteto de protagonistas não conseguiu ver o trabalho do colega no ar.

"Eu tinha a expectativa que eu entenderia melhor a Paula a partir do momento que eu a visse no ar. Mas essa foi a surpresa", explica Brichta. Desta forma, pontuam eles, a parceria entre os atores e a direção teve de ser intensificada na hora da inversão dos papéis.

"Tinha dias, na gravação, que o Neném subia e não queria mais descer. O pessoal me ajudava contando como o Neném faria aquela cena. Um ajudou o outro. A gente virou uma família no set, uma família bem generosa", afirma Antonelli.

Assim como o público, os atores afirmam que também estão ansiosos para ver como será a nova fase da novela. Mesmo com uma dose de frustração, uma vez que não podem mais alterar nada na interpretação dos personagens porque tudo já está gravado, Brichta e a atriz destacam que deram o melhor de si diante das circunstâncias.

"A gente se empenhou na missão de levar uma história lúdica para o espectador. Minhas filhas, pela primeira vez na vida, estão vendo uma novela e não perdem um capítulo. Então, eu tento não me cobrar tanto, porque sei que fizemos o que era melhor naquele momento", conclui Antonelli.