WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Na noite desta quarta (23), a ONU realiza uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para debater a crise entre Rússia e Ucrânia. O encontro começou perto de 21h40 em Nova York (23h40 em Brasília).

O primeiro discurso foi de Antônio Guterres, secretário-geral da ONU. Ele fez um apelo claro ao presidente russo Vladimir Putin: Se uma operação está sendo preparada, eu só tenho uma coisa a dizer: impeça suas tropas de atacar a Ucrânia. Dê uma chance a paz. Muitas pessoas já morreram."

Poucos minutos após a fala de Guterres, Putin anunciou em discurso na TV estatal russa uma operação militar em território ucraniano.

A reunião na ONU, no entanto, prosseguiu como se nada estivesse acontecendo. Os representantes dos integrantes do Conselho de Segurança seguiram lendo seus discursos em que pediam, de modo geral, para resolver a questão por modos diplomáticos, apesar dos alertas da gravidade da situação.

Linda Thomas-Greenfield, representante dos EUA, fez um dos discursos mais incisivos. "Estamos aqui esta noite porque acreditamos que uma invasão de escala completa da Ucrânia pela Rússia é iminente. Nesta noite, vimos a Rússia fechar o espaço aéreo, mover tropas para o Dombass e mover forças para posições de combate.

O embaixador Ronaldo da Costa Filho falou em nome do Brasil. "Os relatos sobre a movimentação de tropas em certas áreas da Ucrânia geram grande preocupação. A ameaça ou o uso de força contra a integridade territorial, soberania e independência política de um estado-membro da ONU é inaceitável", disse.

A reunião do CS é presidida por Vasily Nebenzya, representante da Rússia. A posição de liderança do colegiado é rotativa e muda a cada mês. Segundo o jornal The Guardian, ele disse aos repórteres: "Estou começando a gostar das reuniões noturnas."

Esta foi a segunda reunião de emergência do CS em três dias. Na segunda (21), os representantes também fizeram um encontro noturno, que terminou sem o anúncio de medidas.

A Rússia é um dos membros permanentes do Conselho e, como tal, tem poder de veto para barrar resoluções. Assim, é capaz de conter medidas que a prejudiquem. O colegiado pode aplicar sanções internacionais e ordenar o envio de forças de paz, entre outras funções. Atualmente, a Rússia é também a presidente do Conselho --a posição é rotativa e muda a cada mês.