PSDB define para outubro data de prévia presidencial, com Doria e Leite na disputa
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terça-feira, 09 de março de 2021
CAROLINA LINHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O PSDB definiu, nesta segunda-feira (8), que prévias para definir seu candidato à Presidência da República em 2022 devem ocorrer em em 17 de outubro. O tema das prévias ganhou força no partido no mês passado, após uma articulação de João Doria para alcançar o posto -o que acabou antecipando a entrada de Eduardo Leite no jogo.
Doria, governador de São Paulo, e Leite, governador do Rio Grande do Sul, são os dois nomes tucanos colocados hoje na disputa. O senador Tasso Jereissati (CE) também é lembrado entre os colegas de partido.
A decisão sobre as prévias e seu calendário foi publicada em resolução assinada pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, na segunda. A primeira etapa está prevista para 30 de abril, prazo para que seja constituída uma comissão partidária para as prévias. Já as regras da eleição interna têm que ser aprovadas pela executiva do PSDB até 15 de junho.
Segundo o estatuto do PSDB, as prévias devem ocorrer "sempre que houver mais de um candidato disputando a indicação do partido".
Como mostrou a Folha, um jantar oferecido por Doria a caciques tucanos com o objetivo de unificar o partido em torno de si e reforçar a oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve efeito contrário. Acabou acentuando um racha no PSDB --deputados federais incentivaram a candidatura presidencial de Leite, que embarcou de imediato no projeto nacional.
A notícia vem na esteira da decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato de Curitiba, o que dá ao petista a possibilidade de ser candidato em 2022.
A possível candidatura de Lula embaralhou o xadrez eleitoral e colocou pressão sobre o campo político que atua entre o petismo e o bolsonarismo.
Na segunda, para não submergirem na polarização, tucanos buscaram se manter no jogo, afirmando que o eleitor não deve escolher nem Lula nem Bolsonaro, mas alternativas a eles.
"Quando tudo vira briga política, acaba ferida a democracia. Não me cabe comentar a decisão jurídica de Fachin. Respeitando-a, lamento que alguns pensem encontrar o futuro olhando para o passado, e que outros queiram reviver 2018, que nos jogou nesse fosso social, econômico e político. Deste fosso em que estamos hoje, só sairemos com novas alternativas e, especialmente, com um olhar de responsabilidade e temperança", tuitou Leite por volta das 22h.
Pouco mais de dez minutos depois, foi a vez de Doria, que tuitou também em inglês. "Bolsonaristas radicais propagam a ideia de que ser contrário ao presidente é ser favorável a Lula, e vice-versa. A polarização favorece os extremistas, que destroem o país. O Brasil é muito maior do que Lula e Bolsonaro", escreveu o governador paulista.
Mais cedo, Araújo havia divulgado nota afirmando que a decisão de Fachin abre espaço para candidaturas ponderadas.
"A decisão do ministro Fachin, se mantida, abre espaço para a contraposição direta, no Brasil, dos candidatos que tem representado os extremos, à direita ou à esquerda, Bolsonaro e Lula", disse. "Mas [a decisão] também é uma oportunidade para candidaturas de centro, ponderados, se apresentarem melhor."
As prévias já foram defendidas por Leite em entrevista à Folha. "Eu não acho que prévias sejam um problema. Elas podem significar bons debates para a construção não só de uma candidatura, mas de uma visão de programa partidário."
Da parte de Doria, tucanos chegaram a avaliar que, diante de prévias, o governador iria sair do partido para garantir sua candidatura presidencial em outra sigla, já que enfrenta resistência forte no PSDB não-paulista.
Mas aliados do governador afirmam que Doria poderia, sim, disputar prévias, como fez em eleições passadas. O governador de São Paulo costuma dizer que é filho das prévias.