Príncipe lamenta tragédia em Petrópolis, mas recebe críticas por imposto
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sábado, 19 de fevereiro de 2022
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Dom Bertrand de Orleans e Bragança, autoproclamado príncipe imperial do Brasil e membro da família que já liderou o país, lamentou as fortes chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Até agora, a Defesa Civil confirmou mais de 130 mortes em decorrência do temporal.
No comunicado, publicado em seu site e nas redes sociais, Orleans e Bragança classifica o momento como "de grave dificuldade" e agradece pelo "trabalho incansável" de bombeiros, policiais, médicos e enfermeiros, bem como o de beneméritos particulares.
Apesar da carta e das palavras de pesar, internautas citaram, nos comentários, uma taxa imobiliária -denominada "laudêmio"- que é paga a herdeiros da família imperial. Os leitores disseram que, no comunicado, emitido na sexta-feira (18), o príncipe não diz se fará algum tipo de doação à cidade.
O laudêmio é uma taxa paga pela população de Petrópolis aos herdeiros do imperador Pedro 2º, recolhido pela CIP (Companhia Imobiliária de Petrópolis), administrada por dez herdeiros da antiga Família Imperial brasileira: os Orleans e Bragança.
A companhia é a responsável por cobrar o laudêmio na área da antiga Fazenda Imperial, formada por terrenos comprados por dom Pedro 1º a partir de 1830 e, depois, por seu filho, dom Pedro 2º. Ela compreende grande parte da área central de Petrópolis, epicentro do desastre natural. A propriedade da antiga fazenda é a base legal para a "taxa do príncipe" de 2,5% sobre todas as transações imobiliárias na área.
"Ele [o príncipe] tem que abrir mão uma vez que a cidade está em frangalhos e vai precisar de ajuda para reconstrução... um imposto pago para a família "imperial", é dever dela ajudar neste momento", disse um dos internautas. "A mesma cidade cobra um imposto sobre os imóveis vendidos na região, que até hoje beneficia 'herdeiros da família imperial' e nunca foi destinada à população local. Uma taxa que existe porque, no século XIX, D. Pedro II resolveu assentar sua residência de verão na Serra de Petrópolis", reclamou outro.
Mais cedo, na sexta, o próprio príncipe já havia dito, também nas redes sociais, que sua "família imediata não recebe quaisquer quantias referentes ao laudêmio".
"Meu saudoso pai, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil entre 1921 e 1981, vendeu todas as suas ações da dita Companhia Imobiliária ainda na década de 1940", escreveu.
Também na sexta, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) propôs um projeto de lei para destinar o laudêmio para ajudar na reconstrução da cidade devastada pelo temporal de terça-feira (15).
Leia o comunicado na íntegra
Meus caros brasileiros e, de modo muito particular, meus caros petropolitanos,
Em nome de meu irmão, o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e no da Família Imperial, quero manifestar nossa profunda consternação com os terríveis danos causados pelas fortes chuvas em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, que deixaram numerosos mortos e desabrigados.
Neste momento de grave dificuldade, o trabalho incansável de bombeiros, policiais, médicos e enfermeiros, bem como o de beneméritos particulares -dentre os quais há muitos monarquistas-, merece nossa admiração e gratidão, pois bem demonstram a caridade própria de um povo autenticamente voluntarioso e cristão.
A Família Imperial, tão estreitamente ligada a Petrópolis, encontra-se sempre disposta a servir ao seu povo, oferecendo ainda nossas orações e solidariedade a todos os que vêm sofrendo. Rogo a Deus Nosso Senhor, por intercessão do Padroeiro São Pedro de Alcântara, que proteja e dê alento à boa gente petropolitana nesta hora de aflição e necessidade.

