SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O consumo na prévia da Black Friday segue a tendência de outros anos e é puxado por eletrodomésticos e celulares. As duas categorias respondem por 41% do faturamento nas vendas pela internet na última semana, de acordo com dados da consultoria NielsenIQ | Ebit divulgados nesta quinta-feira (25).

Apesar da recomposição de aparelhos durante a pandemia -com a intensificação das atividades online-, o produto permanece como um dos principais para a compra programada no Brasil.

Os eletrônicos, de modo geral, ficam em quarto lugar no faturamento, com apenas 9%.

Na preparação da Black Friday, as grandes varejistas apostam em descontos mais agressivos para os produtos premium, a fim de fisgar a população que conseguiu manter o poder de compra e não teve o orçamento muito prejudicado pela alta da inflação.

Grandes televisores, smartphones e geladeiras de três portas estão entre as apostas de venda do Magazine Luiza, que triplicou o estoque de iPhone e programou show da Anitta para ser transmitido durante o anúncio de ofertas na TV paga e no YouTube.

"A inflação corroeu parte da renda de grande parcela da população, mas, por outro lado, há segmentos que fizeram uma poupança forçada na pandemia, sem poder viajar, por exemplo, e eles podem aproveitar os descontos para realizar seus sonhos de consumo", diz Luiz Rego, diretor-executivo comercial da companhia.

A empresa também comprou 25% a mais de TVs acima de 55 polegadas na comparação com o ano passado.

Mesmo com o consumo geral afetado pela perda de renda, a companhia manteve os planos para uma demanda alta. Até o Natal, contratou 4.000 pessoas para a área de logística e 250 para a tecnologia. A frota também foi acrescida de 6.200 veículos para a temporada.

Nas lojas das Casas Bahia, televisores, smartphones e eletrodomésticos estão entre os itens mais procurados nos últimos dias. Um grande estabelecimento recém-inaugurado na Marginal Tietê, em São Paulo, ficará aberto durante 24 horas.

A varejista também incluiu uma modalidade de parcelamento de 30 vezes sem juros para abarcar a população que compra a prazo e terá parcelas mais altas em relação ao ano passado.

Diante da escalada de preços, o valor médio das vendas nesta edição já cresceu 14%, a R$ 533, segundo a Nielsen, que contabilizou, de 18 a 24 de novembro, elevação de 11% nos pedidos (na comparação com a mesma semana de 2020), o que representa 5,1 milhões de itens.

A perspectiva é que a Black Friday, mais uma vez, bata o volume nominal de vendas. O evento já faturou R$ 2,8 bilhões, alta de 31% na comparação com a mesma semana do ano passado.

Com o desconto da inflação, no entanto, a data varejista deve apresentar a primeira queda desde 2016, segundo projeção da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Apesar dos itens de alto valor, o Mercado Livre, um das maiores plataformas de venda digital no país, detectou alteração da cesta de consumo: os produtos de supermercado, como comida e bebida, dispararam.

"Eletrônicos, ferramentas, esporte e lazer são setores muito procurados, têm valor mais alto e as pessoas ainda querem desconto", diz Leandro Bassoi, vice-presidente de logística do Mercado Livre para América Latina. "O que chama a atenção é a saída de item de supermercado. O brasileiro está muito sensível a preço, principalmente da cerveja."

Nos centros de distribuição da empresa, a categoria de supermercados apresenta o maior destaque na semana anterior à Black Friday, com crescimento de 250% na relação com a edição de 2020.

Bebidas, alimentos (em especial o chocolate), ração de pet e produtos de limpeza são os mais vendidos.

A empresa diz que está próxima de bater a meta de investir R$ 10 bilhões no país neste ano, quando abriu três centros de distribuição. Durante o período da Black Friday, o trabalho nos armazéns será "24/7", ou seja, durante as 24 horas do dia.