Presidente interino do Mali sofre tentativa de assassinato em celebração
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terça-feira, 20 de julho de 2021
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Duas pessoas tentaram assassinar o presidente interino do Mali, o coronel Assimi Goita, na manhã de hoje, durante a celebração do ritual muçulmano de Eid al-Adha, a celebração do sacrifício, na Grande Mesquita de Bamako. Uma investigação foi aberta para apurar as circunstâncias do ataque, já considerado pelo governo como uma tentativa de assassinato. Os dois suspeitos, um deles com uma faca e o outro com uma arma, foram presos.
Após as orações, quando o imã saiu para abater uma ovelha, tradição deste festival, o coronel Assimi Goita, o primeiro-ministro, Choguel Maïga, e o presidente do Conselho Nacional de Transição permaneceram sentados na mesquita. Segundo testemunhas, dois jovens então se levantaram e se dirigiram ao presidente interino.
Um dos jovens portava uma faca, o outro tinha uma arma na mão. Um dos agressores tentou esfaquear o presidente Goita, que se levantou para se defender, quando as forças de segurança a Guarda Nacional e a polícia invadiram a mesquita para proteger o mandatário, que em seguida foi retirado do local.
Testemunhas dizem que viram sangue nas roupas do presidente, um sinal de que alguém provavelmente estava ferido. De acordo com as autoridades do Mali, o presidente interino Assimi Goita está "são e salvo". Os dois jovens agressores foram presos após o ataque.
"O jovem tentou esfaquear Assimi (Goita) pelas costas, mas feriu outra pessoa", disse o administrador da Grande Mesquita, Latus Touré, à AFP.
Um funcionário da presidência declarou que Goita foi levado a um acampamento militar de Kati, próximo a Bamako, após a tentativa de assassinato. "A segurança foi reforçada" no acampamento, informou o funcionário.
Questionado se o ato poderia ser considerado uma "tentativa de assassinato", um funcionário dos serviços do presidente respondeu que "sim, totalmente".
No Twitter, a conta oficial do presidente declarou que uma investigação foi aberta para apurar as circunstâncias do ataque. Um dos dois agressores usava turbante, constatou a AFP. Até o momento, a polícia não informou se já trabalha com alguma linha de investigação prioritária.
"Tentativa de ataque a facadas contra o Presidente de Transição, Coronel Assimi GOITA na grande mesquita de Bamako. O invasor foi imediatamente dominado por uma equipe de segurança próxima. As investigações estão em andamento."
Há meses, o líder interino não aparece em público sem a companhia de seus homens encapuzados e armados com fuzis.
Governo
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, Goita, de 37 anos, assumiu o cargo no mês passado mesmo com a reação diplomática em razão dessa ser a segunda vez que ele assumia o poder no período de nove meses. Em agosto de 2020, o coronel foi responsável por liderar um golpe militar no país que promoveu a destituição do então presidente Ibrahim Boubacar Keita, reeleito dois anos antes.
À época, o país sofria há meses com protestos contra o governo e críticas da corrupção escancarada no território nacional. O fracasso em lidar com crise da segurança interna, que se deteriorava desde 2012, também estava entre as pautas dos manifestantes.
No final de maio, Goita que estava como vice-presidente de Mali durante um governo de transição cujo papel era colocar o país novamente no regime civil em fevereiro de 2022 assumiu o poder novamente. Isso aconteceu após o coronel acusar o então presidente interino Bah Ndaw e primeiro-ministro Moctar Ouane de não o consultarem sobre uma mudança dentro do gabinete.
Depois da acusação, o coronel Assimi Goita foi nomeado como presidente interino, mas afirmou que manteria o objetivo de o país retornar ao governo civil após as eleições marcadas para 27 de fevereiro de 2022.
O Mali é um país politicamente instável e palco de múltiplas formas de violência desde 2012. Inicialmente foram incitadas por rebeliões separatistas e extremistas islâmicas no norte do território, mas se espalharam pelo centro e sul do país se misturando a conflitos entre comunidades.
O fenômeno também afeta países vizinhos, como Burkina Faso e Níger, onde operam grupos afiliados à Al-Qaeda ou à organização Estado Islâmico (EI).