'Prefiro olhar o copo meio cheio dos dois lados dos candidatos líderes', diz André Esteves, do BTG Pactual
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
LUCAS BOMBANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O sócio sênior do BTG Pactual, André Esteves, avalia que há aspectos positivos a serem considerados em relação aos dois principais candidatos à frente nas pesquisas de intenção de votos para as eleições presidenciais do país em 2022.
"Quando você olha para 2002, a perspectiva do mercado, do empresariado, do establishment, da mídia, era de um certo Lula. Quando sentou-se na cadeira, temos um Lula totalmente palatável, que fez um ótimo primeiro governo. Então talvez isso seja um sinal para nós", afirmou Esteves nesta quarta (23), durante evento promovido pelo banco.
"Do lado do Bolsonaro, tem muitas confusões, muitas declarações, às vezes inapropriada, mas temos um governo que vai andando. Com toda nossa frustração de poder fazer mais, e da ambição de querer mais, mas a gente evolui em uma agenda reformista, tem uma base política, tem uma conversa de governo razoavelmente funcional, tem bons quadros, a ministra Tereza Cristina, o ministro Tarcísio [Freitas], o Fábio Faria, o Paulo Guedes. São quadros que poderiam estar em qualquer governo brasileiro, são quadros de centro sensatos e quadros que entregam", disse o sócio do BTG Pactual, que terá o nome indicado para a presidência do conselho de administração do banco em abril.
"Prefiro olhar o copo meio cheio dos dois lados dos candidatos líderes."
De toda forma, o banqueiro disse também que é preciso aprender com os erros do passado para que eles não voltem a se repetir.
"A gente não deve votar em que não entender a evolução institucional do Brasil e em quem não ama o Brasil e não entende aquilo que deu certo e deu errado do ponto de vista econômico. Esse não é um diagnóstico tão difícil de ser feito. Pode olhar para a vizinhança, olhar para baixo e ver e Argentina e entender claramente o que não funciona. Seria um erro grosseiro insistir em certos caminhos nessa direção", afirmou Esteves.
"Por outro lado, eras de cavalo institucional também parecem ter ficado para trás. Qualquer coisa nesse sentido também está fadado ao fracasso e está fadado a ser taxado como aventura", disse o sócio do BTG Pactual.
"A retórica faz parte da política, são paixões, mas espero que essas eleições consolidem um Brasil institucionalmente mais maduro e economicamente também mais maduro. Acredito na evolução institucional brasileira e, incluído nisso daí, a evolução daqueles que têm real condição de chegar lá. Acho que tem muita fumaça no espelho, mas, para falar a verdade, acho que vamos ter eleições normais."
Esteves afirmou que vê os partidos que compõem o bloco conhecido como centrão com uma "importância histórica" maior do que os pares usualmente atribuem a eles.
"Esse centro brasileiro, se olharmos 100 anos de história republicana, ele que nos manteve republicanos. Toda hora que o Brasil flertou com maluquices à esquerda e direita, foi esse centro que manteve o fio terra ligado. O Brasil já quis ser integralista, comunista, fascista, e esse centro, essa geleia política que chamamos de centro, na hora H nos manteve republicanos e numa rota aceitável."