Prefeitos pedem a Guedes socorro de R$ 5 bilhões a empresas de transporte coletivo
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terça-feira, 20 de julho de 2021
BERNARDO CARAM
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em reunião com o ministro Paulo Guedes (Economia) nesta terça-feira (20), prefeitos pediram um repasse de R$ 5 bilhões do governo federal para socorrer empresas de transporte coletivo.
Os gestores municipais afirmam que a pandemia reduziu o fluxo de passageiros, inviabilizando financeiramente a operação das companhias. Eles argumentam que os usuários não suportariam um reajuste muito elevado nas passagens.
De acordo com o presidente da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), Edvaldo Nogueira, que é prefeito de Aracaju (SE), as empresas enfrentam dificuldades porque a crise sanitária levou a uma redução forte do número de passageiros enquanto foram forçadas a manter a maior parte da frota.
Segundo ele, o custo gerado pela gratuidade do transporte de idosos não pôde ser compensado pelas receitas com passagens.
É uma crise nunca vista no sistema de transporte coletivo. Muitas cidades com greves, empresas parando operações. É necessário um socorro emergencial, disse.
Além da ajuda de emergência, a proposta apresentada a Guedes prevê que o governo federal arque com a parcela equivalente à gratuidade das passagens para idosos. A transferência seria feita às prefeituras, que fariam o repasse às companhias.
Essa gratuidade é embutida no valor da tarifa dos outros passageiros, não é de graça. Mas agora não tem como dar reajuste grande de tarifa de 15% ou 20%, porque as pessoas que pagam são as mais pobres, afirmou.
Estimativa entregue a Guedes aponta que esse novo programa também teria custo anual de R$ 5 bilhões.
No encontro, de acordo com Nogueira, ficou combinado que será formada uma comissão de prefeitos para elaborar um projeto. Guedes ficou de analisar a proposta.
O grupo de prefeitos também articula a medida com parlamentares. Na última semana, tiveram reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Em dezembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro vetou um projeto de lei que previa o repasse de até R$ 4 bilhões a estados e municípios para custear o transporte público nesses locais.
O objetivo da transferência era permitir que os entes federados renegociassem contratos com empresas prestadoras do serviço.
A proposta previa que os recursos seriam transferidos a estados e municípios com mais de 200 mil habitantes, com o objetivo de reequilibrar contratos de transporte coletivo impactados pela pandemia.
Ao vetar o texto, Bolsonaro apresentou argumentos do ministério da Economia. Disse que houve boa intenção do legislador, mas destacou que a nova despesa foi criada sem que houvesse estimativa de impacto orçamentário e financeiro, além de extrapolar o período de calamidade pública.