Prédio da Editora Três é vandalizado com pichações e cartazes em defesa de Bolsonaro
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quinta-feira, 21 de outubro de 2021
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prédio da Editora Três, que publica as revistas IstoÉ e IstoÉ Dinheiro, foi vandalizado na noite desta quarta-feira (20).
Cartazes com a mensagem "um editor de merda e seus colaboradores de merda que não respeitam o presidente e os que nele acreditam" foram colados nos muros e paredes da empresa, que também foram pichados. Os autores não foram identificados.
Também nesta quarta, o ministro da Justiça, Anderson Torres, solicitou a abertura de inquérito contra a revista IstoÉ para investigar crime contra a honra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo o ministro, o documento foi encaminhado à Polícia Federal "para apuração imediata". Na semana passada, a revista publicou reportagem de capa que compara Bolsonaro ao ditador nazista Adolf Hitler e o chama de "mercador da morte" por suas ações na pandemia da Covid-19.
A capa da revista estampa uma foto do rosto de Bolsonaro com a palavra "genocida" escrita acima dos lábios, em alusão ao bigode usado por Hitler. Abaixo da imagem, aparece o texto "As práticas abomináveis do mercador da morte". Nas páginas internas, o título da reportagem é "O arquiteto da tragédia".
Em nota, a editora afirma que "com cartazes apócrifos" quem fez os ataques buscava agredir "a integridade física e patrimonial deste grupo de mídia, que defende o Brasil há mais de 45 anos".
"As pichações e os cartazes visaram não apenas danos ao patrimônio, mas também a honra de diretores das publicações, uma atitude intolerável", diz o texto.
Ainda segundo a nota, "a IstoÉ considera que esses atos antidemocráticos representam uma tentativa de ameaça à democracia, à liberdade de expressão e à imprensa livre, democrática e independente, garantidos pela Constituição".
A Editora Três afirma que já adotou as medidas necessárias para identificar os autores. De acordo com a empresa, a polícia já foi acionada e está realizando diligências.
"Tudo será feito para garantir a tranquilidade da equipe e dos colaboradores, reafirmando a defesa enfática do Estado democrático de Direito."
Há dois dias, a AGU (Advocacia-Geral da União) enviou uma notificação extrajudicial à IstoÉ com pedido de resposta após a publicação da reportagem. A AGU pede que a revista publique uma nota de autoria do governo, que lista ações do Executivo no combate à pandemia, e ainda sugere uma nova capa a ser publicada pela revista.
Na nova versão, a capa mostraria três imagens do presidente: abraçando dois jovens, acenando para o público e desfilando em carro aberto, acompanhado de crianças e vestindo a faixa presidencial. Na montagem, o texto passa a ser "Governo Bolsonaro defendeu a vida, o emprego, a liberdade e a dignidade".
No documento, a AGU informa que pode adotar medidas judiciais se não tiver resposta no prazo de sete dias.