Prédio com aluguel até 35% menor será financiado por CRI
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domingo, 20 de março de 2022
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após ter trabalhado na estruturação de um CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) voltado ao financiamento de cooperativas cujos membros integram o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o Grupo Gaia anunciou o lançamento de um novo projeto que busca unir retorno financeiro com impacto social.
As empresas Gerdau, Dexco (ex-Duratex), Movida, Votorantim Cimentos e P4 Engenharia fizeram um aporte em conjunto no valor de R$ 14,75 milhões em um CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) emitido pelo Grupo Gaia que será voltado ao financiamento de um prédio residencial no centro de São Paulo.
O endereço do projeto, batizado de Soma (Sistema Organizado de Moradia Acessível), ficará na Rua Frederico Steidel, próximo de regiões como Vila Buarque, Santa Cecília e República e contará com 110 apartamentos a partir de 25 metros quadrados. O imóvel deverá estar pronto em 20 meses após o início da obra, prevista para acontecer no segundo trimestre de 2022.
O edifício, projetado pelo escritório de arquitetura Andrade Morettin, contará com salão de festas, coworking, bicicletário e lavanderia coletiva.
Segundo os organizadores do projeto, o aluguel será de 25% a 35% abaixo do valor de mercado da região, e o foco são famílias com renda de 3 a 5 salários mínimos. A expectativa é que o valor do aluguel não ultrapasse cerca de 30% dessa renda. O pagamento dos títulos se dará por meio dos aluguéis dos locatários.
A definição dos critérios para a seleção das famílias será feita com a colaboração de outras organizações e movimentos sociais que trabalham com acesso à moradia.
Além do Grupo Gaia, também trabalham na estruturação do projeto a incorporadora MagikJC e a consultoria especializada em negócios de impacto social Din4mo.
A taxa de retorno oferecida aos investidores é de 2% ao ano, além da variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
O retorno ficou bem abaixo dos prêmios que têm sido pagos pelos títulos públicos emitidos pelo governo disponíveis na plataforma online Tesouro Direto.
"[Apesar do rendimento oferecido] o investimento fica tão bom quanto um título público, por conta do impacto social", afirmou Guilherme Setúbal, gerente executivo de ESG da Dexco.
"O mercado de capitais precisa, cada vez mais, considerar o impacto, positivo ou negativo, nos seus investimentos. Essa história de olhar só o risco e o retorno vai ficar cada vez mais sem sentido", afirmou João Paulo Pacifico, executivo do Grupo Gaia. Segundo ele, a intenção é levantar 40 empreendimentos nos mesmos moldes até 2030.
"Não podemos deixar nas costas do setor público todo o investimento em habitação social que é necessário. Por isso, é importante a contribuição do investimento do setor privado, e acreditamos que as empresas que tenham propósito de melhorar a cidade, e sobretudo torná-la acessível para famílias de menor renda, terão todo o interesse de investir", disse Marco Gorini, sócio da Din4mo.

