RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A retomada do aumento das cotações internacionais do petróleo levou o preço do diesel no Brasil a voltar a ter defasagem em relação ao mercado externo. Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores), a diferença era de R$ 0,20 por litro no início da tarde desta quinta-feira (17).

Na terça (15), com o petróleo Brent, referência internacional de preços negociada em Londres, a menos de US$ 100 (cerca de R$ 500), o diesel vendido pela Petrobras chegou a ficar mais caro do que no exterior, intensificando a pressão sobre a estatal por cortes de preço.

Nesta quinta, porém, o barril do Brent superou os US$ 107 (R$ 535) por barril, diante de um maior pessimismo nos mercados em relação à resolução da guerra na Ucrânia. Para os importadores de combustíveis, o cenário de volatilidade ainda não permite vislumbrar queda nos preços internos.

De acordo com a Abicom, a defasagem no preço do diesel é hoje de 4%. No preço da gasolina, é maior, de 9%, ou R$ 0,40 por litro. Os dois produtos tiveram seus preços reajustados pela Petrobras na última sexta (11), em 24,9% e 18,8%, respectivamente.

Quatro dias após os aumentos, na terça, a queda do petróleo inverteu o cenário no diesel, que ficou R$ 0,27 por litro acima da paridade de importação, conceito utilizado pela política de preços da Petrobras que simula quanto custaria importar o produto dos Estados Unidos.

Na Bahia, abastecida pela primeira refinaria privada brasileira, a defasagem é menor: 1% no diesel e 3% na gasolina. Operada pelo fundo árabe Mubadala, a Refinaria de Mataripe tem acompanhado mais de perto as cotações internacionais.

A queda do petróleo no início da semana levou o presidente Jair Bolsonaro a afirmar em evento no Palácio do Planalto ainda na terça que que "com toda a certeza" a Petrobras iria reduzir o preço dos combustíveis.

"Estamos tendo notícia de que nos últimos dias o preço do petróleo lá fora tem caído bastante. A gente espera que a Petrobras acompanhe a queda de preço lá fora. Com toda certeza fará isso daí", disse o presidente.

Aliado de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (DEM), engrossou o coro. "O barril sobe, a gente aumenta, o barril baixa, a gente não baixa? É importante que a Petrobras recue o preço e do aumento que deu, porque o dólar está caindo e o barril está caindo", afirmou Lira.

A cúpula da Petrobras, porém, tem dito internamente que não há prazo para baixar o preço dos combustíveis, mesmo com queda na cotação do petróleo, que chegou a ser negociado em valores próximos ao recorde de 2008 no pior momento da crise.

Com os reajustes, o preço médio da gasolina no país chegou a R$ 7,47 no último fim de semana, segundo levantamento feito pela empresa de gestão de frotas ValeCard com base em transações eletrônicas em postos de todo o país.

Nesta sexta (18), a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) divulga sua pesquisa semanal de preços já com impactos dos aumentos, que deve trazer preços recordes na série histórica iniciada em 2002.

A última pesquisa, divulgada na última sexta, trouxe alta de 1,6% na gasolina e de 3,7% no diesel, mas ainda sem impacto dos reajustes, já que a coleta dos dados costuma ser feita no início da semana.