BELO HORIZONTE, BH (FOLHAPRESS) - Policiais militares, civis e agentes prisionais voltaram a reunir uma multidão nas ruas de Belo Horizonte nesta quarta-feira (9) em ato contra o governo de Romeu Zema (Novo) por recomposição salarial para as forças de segurança de Minas Gerais.

Organizadores afirmam que 40 mil pessoas participam do protesto, que teve início na praça da Estação, região central da cidade. A Guarda Municipal da capital mineira não divulga estimativa de presença de manifestantes em atos públicos. Questionada, a Polícia Militar não informou números.

Além de policiais da capital, segundo entidades, cerca de cem caravanas com integrantes das forças policiais do interior de Minas participam do ato.

Decisão judicial desta terça-feira (8), em ação impetrada pelo governo do estado, proibiu os manifestantes de invadir e acampar em frente a prédios públicos. A decisão é da 1ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte.

O representante do Sindpol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais), Wemerson Oliveira, disse não ter conhecimento da ação. "Mas temos a intenção de fazer nada disso. Nosso movimento é bem ordeiro e pacífico", afirmou.

Por volta das 9h, já era grande o número de ônibus vindos do interior na praça da estação com servidores para a manifestação. A maioria era formada por policiais civis e agentes penitenciários. Fogos de artifício eram lançados a todo momento.

O policial civil José Daniel Rodrigues, 38, é investigador da corporação em Rio Pomba, na Zona da Mata, e veio à capital para o ato em uma das caravanas do interior. "Temos que lutar, fazer a nossa parte", declarou. A previsão é que os manifestantes saiam em passeata pelas ruas da cidade.

Nesta terça-feira (8) detentos do Presídio de Janaúba, região norte do estado, colocaram fogo em pedaços de colchões e jogaram nos corredores da unidade em que ficam as celas. A secretaria afirma que os próprios agentes penitenciários controlaram a revolta.

Já o motim que precedeu a manifestação ocorreu em presídio de Nova Lima, na Região Metropolitana, na segunda-feira (7), e o incêndio em dois ônibus, na sexta-feira (4), estariam relacionados a paralisação de parte do efetivo dos agentes prisionais, o que reduziu o fluxo de visitas de familiares.

Bilhetes deixados com os motoristas por homens que incendiaram os ônibus exigiam a normalização das visitas. Ninguém ficou ferido.

A Polícia Civil investiga as queimas dos veículos para saber se as ordens para que fosse ateado fogo nos coletivos partiram de dentro de presídios.

Também na segunda-feira, detentos de penitenciária de Montes Claros, outra unidade no norte mineiro, colocaram fogo em pedaços de colchões e os atiraram pelas janelas das celas. Não houve a necessidade de intervenção de forças especiais em Janaúba e Montes Claros.

Por causa disso, as duas revoltas não são consideradas motins pela secretaria, ao contrário de Nova Lima, onde houve atuação do Cope (Comando de Operações Especiais) do Depen (Departamento Penitenciário de Minas Gerais).

Além dos agentes penitenciários, policiais civis também pressionam o governador não apenas nas ruas.

Representantes da categoria afirmam que os servidores da força trabalham dentro do que chamam estrita legalidade, que é não utilizar equipamentos próprios, como computadores e telefones celulares, para prestar serviços à população.

Associações que representam os policiais militares afirmam que a categoria trabalha da mesma maneira.

Esse padrão de atuação das forças de segurança do estado vigora desde 21 de fevereiro no estado, quando foi realizada a primeira manifestação por reajuste salarial dos policiais e agentes penitenciários também na capital.

O pleito é por 24% de reajuste. No dia 24, o governador Romeu Zema ofereceu 10%, o que foi recusado pelas forças de segurança.

Professores Nesta terça-feira (8), professores de escolas estaduais decidiram entrar em greve por tempo indeterminado também como forma de pressão por aumento nos vencimentos. O posicionamento foi tomado em assembleia da categoria.

O Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) ainda não tem, na manhã dessa quarta-feira (9), balanço da adesão dos profissionais à greve. Minas tem cerca de 3.800 escolas estaduais.

A coordenadora do Sind-UTE, Denisr de Paula Romano afirmou que a greve da categoria é para que o governo Zema pague o reajuste de 33,23% previsto no piso nacional. "Já foi fixado pelo MEC (Ministério da Educação) e não foi pago", disse.

Procurado, o governo do estado não se manifestou sobre a manifestação e as demandas de reajuste de salários.