RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Os 12 policiais militares que participaram da ação que resultou na morte da jovem Kathlen Romeu, 24, na última terça-feira (8), foram afastados do serviço nas ruas.

Grávida, a mulher foi baleada em uma das vias de acesso ao Complexo do Lins, na zona norte do Rio de Janeiro. A família acusa os policiais de terem disparado o tiro que matou Kathlen, enquanto os agentes dizem que foram atacados a tiros por criminosos.

A ação está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital, da Polícia Civil, pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora, da Polícia Militar, e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Na manhã desta sexta-feira (11), familiares de Kathlen foram à Polícia Civil prestar depoimento. A delegacia também está ouvindo os policiais envolvidos no caso.

Segundo o portal G1, o cabo Marcos Felipe da Silva Salviano disse à Polícia Civil que disparou cinco vezes de fuzil, e seu colega cabo Rodrigo Correia de Frias, duas vezes. Ele afirmou que outras equipes da UPP também participaram da ação, mas não soube informar se outros policiais também dispararam.

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) concluiu que Kathlen foi atingida por apenas um tiro de fuzil, que transfixou seu tórax.

O fato de o projétil não ter ficado alojado no corpo, como confirmou a polícia, pode dificultar a busca por quem efetuou o disparo. Sem ele, não será possível fazer um exame de confronto balístico com as 21 armas apreendidas com 12 policiais que participaram da ação -dez fuzis calibre 7.62, dois fuzis calibre 5.56 e nove pistolas .40.

Testemunhas afirmaram à Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ (Ordem de Advogados do Brasil) que viram um grupo de vários policiais passar atirando em um beco da comunidade momentos antes de a jovem ter sido atingida.

Esses moradores contaram ter visto acontecimentos antes e depois de a jovem ser atingida, mas nenhum deles presenciou o momento exato do tiro que a matou.

Parte dessas pessoas afirmou ter visto agentes dentro de uma casa, à espera para pegar traficantes de surpresa. A dinâmica dos fatos, no entanto, ainda não está clara.

A versão da Polícia Militar é outra. Segundo a corporação, não havia operação, e agentes da UPP foram "atacados a tiros por criminosos armados de maneira inesperada e inconsequente" num local conhecido como Beco da 14, onde houve confronto. "Após cessarem os disparos, os militares encontraram uma mulher ferida e a socorreram ao hospital", disse a corporação em nota.

Kathlen e sua avó, Sayonara de Oliveira, andavam juntas por uma das vias de acesso da comunidade, quando os tiros foram ouvidos e a jovem caiu. Na quarta-feira (9), a avó afirmou à imprensa que os policiais não quiseram ajudar a socorrê-la.

"Eles estão falando que socorreram a minha neta. Não foi [...] Eu me levantei e falei: gente, para de dar tiro, socorre a minha neta. Eles socorreram porque eu gritei, eles não queriam nem que eu fosse no carro com ela", disse.

A mãe de Kathlen, Jacklline Lopes, acusou os policiais pela morte da filha. "Se a minha filha fosse morta por bandido eu não falaria nada, porque eu sei que eu moro num lugar que não poderia falar, então eu ficaria na minha. Mas não foi, foi a polícia que matou a minha filha", afirmou.