SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil investiga a tragédia ocorrida no último domingo (31), em Altinópolis (333 km de SP), como homicídio e lesão corporal culposos (quando não há a intenção de matar ou ferir). Na ocasião, nove bombeiros civis morreram e outros ficaram feridos depois que o teto de uma gruta desabou durante um treinamento.

Segundo a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), a delegacia de polícia de Altinópolis instaurou um inquérito para investigar o soterramento dos bombeiros civis na gruta Duas Bocas, que fica na área rural do município. A secretaria afirma que o boletim de ocorrência não indica a autoria do crime, que será ainda apurada.

O local onde ocorreu o desastre passou por perícia nesta segunda-feira (1º) e os responsáveis pela investigação devem aguardar o laudo para apontar as causas do soterramento --chovia muito no momento da tragédia.

Na noite de domingo, pessoas que participavam da operação de resgate dos corpos estimavam que cerca de 30 a 50 toneladas de material se desprenderam do teto, caindo de uma altura de cerca de 3 metros. A maior parte das vítimas estava sob uma camada de aproximadamente 1,5 metro de terra e rocha.

Nesta terça (2), a Prefeitura de Altinópolis divulgou nota afirmando que outra gruta do município, a Itambé, próxima ao local do desastre, também estará temporariamente fechada para visitação. Segundo a administração municipal, será solicitada uma vistoria ao Instituto de Pesquisa Tecnológica e à Defesa Civil estadual para "garantir a segurança de todas".

Sobre o treinamento na gruta Duas Bocas, onde houve o acidente, a Prefeitura de Altinópolis afirmou que, sob os aspectos fiscal e cadastral, cabe à empresa responsável pela aplicação do curso de bombeiro civil ter o alvará de funcionamento expedido pela cidade onde está situada.

Também disse que os responsáveis deveriam ter enviado um ofício para a administração municipal do local onde pretendiam realizar o treinamento, informando sobre a atividade. A nota publicada no site da prefeitura não diz se as autoridades de Altinópolis foram, de fato, avisadas do treinamento na zona rural do município.

Procurado nesta terça (2) pela reportagem, o proprietário da Real Life, Sebastião Francisco de Abreu Neto, 34, afirmou que deve prestar depoimento à Polícia Civil entre quarta (3) e sexta-feira (5). "Todas as provas que tenho em mãos serão levadas até o delegado", afirmou nesta terça.

Segundo Abreu Neto, o instrutor Celso Galina Júnior, 30, morto no soterramento, era o responsável por aplicar o treinamento. "Questão de seguro, planejamento, era tudo ele quem fazia. Eu me despreocupava, porque nunca deu problema, sempre foi certinho. Era um instrutor capacitado", afirmou. "Para falar o que realmente aconteceu lá dentro, só ele. A gente crê que foi um desastre natural que fez desabar tudo. Capacidade, competência, instrução, ele tinha", disse.

A reportagem entrou em contato com pessoas próximas de Galina Júnior , mas não obteve resposta até o momento.

Abreu Neto contou que chegou ao seu conhecimento que os instrutores tinham interrompido o treinamento no meio da noite, por causa do mau tempo. "Estavam só esperando a chuva passar para poderem subir", falou.

Sobre cuidados prévios, o dono da Real Life disse também que Galina Júnior fez uma vistoria na semana anterior para avaliar os riscos e planejar o treinamento.