SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, acusado de matar cinco pessoas na favela Alba, no Jabaquara, zona sul de São Paulo, foi condenado a 103 anos de prisão nesta quinta-feira (17), em julgamento na 1ª Vara do Júri da capital. Os crimes ocorreram em 2015 e, além de matar, ele é acusado de ter escondido os corpos de quatro mulheres e uma travesti.

O julgamento durou dois dias. Na quarta (16) foram ouvidas testemunhas e o réu, por videoconferência. Nesta quinta ocorreram os debates entre acusação e defesa. Os jurados reconheceram motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa das vítimas e feminicídio.

Oliveira foi preso em setembro de 2015, quando a polícia encontrou corpos enterrados no quintal da casa dele. Segundo as investigações, ele convidava as vítimas para consumir drogas e álcool e, quando elas estavam sob o efeito das substâncias, sem apresentar resistência, as estrangulava.

De acordo com a denúncia, o pintor possui comportamento psicopata e escolhia as vítimas de acordo com determinados perfis: homossexuais, transexuais, travestis e dependentes químicos.

Na época da prisão, Oliveira afirmou que vendia drogas para as vítimas. Ele disse ter medo de sofrer retaliações de facções da favela Alba e que cometeu os assassinatos para que elas não contassem aos traficantes sobre as vendas. Na ocasião, a defesa do pintor afirmou que a confissão era inválida porque ele estava sob efeito de entorpecentes e mentalmente confuso durante o depoimento.

Em 1994, Oliveira já havia sido condenado pela morte de um rival após uma discussão por conta do pagamento e recebimento de drogas. Em 1995, foi condenado novamente por outro homicídio envolvendo drogas.

Ele foi preso em 1996 e libertado em fevereiro de 2014, um ano antes do primeiro dos cinco homicídios em série denunciados pelo Ministério Público.

As vítimas são Renata Christina Pedroza Moreira, 33, morta em janeiro de 2015; Paloma Aparecida Paula dos Santos, 21, assassinada em fevereiro; Andrea Gonçalves Leão, 20, morta em abril; Natasha Silva Santos, 21, assassinada em julho; e a travesti Carlos Neto Alves de Matos Júnior, 21, morta em setembro.

O júri desta quinta foi presidido pelo juiz Claudio Juliano Filho, da 1ª Vara do Júri da capital. O pintor já estava preso e, de acordo com a sentença, a prisão será mantida "por permanecerem as circunstâncias fáticas e jurídicas, agora reforçadas com a condenação pelo Tribunal do Júri". Oliveira ainda pode recorrer da sentença.