SÃO PAULO, SP (FOHAPRESS) - A Polícia Federal tomou depoimento na manhã desta terça-feira (7) do empresário Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump e fundador da rede social de direita Gettr.

Também foi questionado o empresário Gerald Brant, nascido no Brasil e que vive nos EUA. Brant é amigo do presidente Jair Bolsonaro e um dos elos dele e de sua família com a direita americana.

Miller e Brant foram ouvidos no âmbito do inquérito das milícias digitais, que sucedeu o dos atos antidemocráticos e investiga possível atuação organizada para atentar contra as instituições.

Ambos chegaram ao Brasil no último sábado (4) para participar da conferência conservadora Cpac, em Brasília, organizada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

O questionamento ocorreu no aeroporto de Brasília, quando Miller e Brant se preparavam para deixar o país. Eles foram recebidos por Bolsonaro no Palácio do Planalto por Bolsonaro no domingo (5).

Em declaração, Miller afirmou que o depoimento durou cerca de três horas. "Não fomos acusados de nada de errado e informados apenas de que eles [policiais] queriam conversar. Informamos que não tínhamos nada para dizer e fomos então liberados para voar de volta aos EUA. Nosso objetivo de divulgar a livre expressão no mundo continua", disse Miller.

No mesmo momento do depoimento, Bolsonaro fazia discurso golpista diante de milhares de apoiadores em Brasília. Ele ameaçou o Supremo Tribunal Federal e o seu presidente, ministro Luiz Fux.

Diversos apoiadores de Jair Bolsonaro estão na mira da investigação, no âmbito da qual foi preso o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

A PF tinha Miller e Brant no radar, como mostrou o Painel, por entender que as redes de desinformação bolsonaristas atuam no mesmo modelo estabelecido por trumpistas nos Estados Unidos ao tentar desacreditar as urnas eletrônicas.

A concepção mais recente dessa estratégia de comunicação é atribuída a Steve Bannon, guru da campanha de Trump. Ele foi conselheiro da consultoria Cambridge Analityca, envolvida no escândalo do uso de dados de usuários do Facebook na campanha eleitoral, e comandava o site Breitbart News, conhecido por disseminar desinformação.