RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Cerca de 50 agentes da Polícia Federal estão na rua nesta terça-feira (15) para desarticular uma organização criminosa especializada em tráfico internacional de armas entre o Brasil e os Estados Unidos. Após trazer o material escondido em máquinas de solda e impressoras ao país, o bando montava o armamento usando impressoras 3D.

A operação Florida Heat visa cumprir sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão em Campo Grande (MS) e em Miami, nos Estados Unidos, expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A Justiça determinou também o sequestro de bens avaliados em R$ 10 milhões.

Um dos alvos do mandado de prisão é contra Ronnie Lessa, policial militar reformado que já está preso desde março de 2019 sob a acusação de ter matado a vereadora Marielle Franco. Ele está sendo acusado de tráfico internacional de arma na modalidade adquirente, ou seja, estava supostamente comprando equipamentos provenientes do tráfico.

Elaine Lessa, esposa de Ronnie, já havia sido presa no ano passado também acusada de tráfico internacional de amas. À reportagem, a defesa de Ronnie diz que ainda não teve acesso ao processo.

Até o início da tarde desta terça, os agentes haviam prendido duas pessoas no Rio. Nos Estados Unidos, outras três foram comunicadas sobre os mandados de prisão. Em nota, a PF diz que esses três alvos já "constam na difusão vermelha da Interpol para eventual processo de extradição ao Brasil ou transferência de processo para os EUA a fim de que lá respondam por seus atos".

Segundo as investigações, que duraram dois anos, a organização adquiria o armamento nos Estados Unidos e, depois, enviava ao Rio de Janeiro, onde as armas ficavam armazenadas em uma casa no bairro de Vila Isabel, zona norte da cidade.

Os criminosos mandavam do Brasil para os EUA o dinheiro para comprar as armas. Os investigadores identificaram que um empresário brasileiro em Boston intermediava a operação.

Dono de uma churrascaria, ele recebia parte do dinheiro e o repassava para os traficantes dos EUA, que usavam os valores para investir em imóveis, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo.

Depois da compra, as armas chegavam ao Brasil por meio de navios ou encomendas postais e ficavam escondidas dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras. Elas também eram despachadas ao lado de outros objetos, como telefones, suplementos alimentares, roupas e calçados.

Uma vez em Vila Isabel, o armamento era retirado por integrantes da quadrilha, que montavam as armas usando impressoras 3D Ghost Gunners, aparelho americano utilizado para a fabricação caseira de armas. Após esse processo, eles mandavam as armas para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel.

A operação é feita com o Ministério Público Federal e contou com a colaboração do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio).

No mês passado, a PF também deflagrou outras ações em conjunto com agentes dos EUA. As operações Brutium e Turfe aconteceram em cinco estados e tinha como objetivo combater o tráfico internacional de drogas. Ao menos 200 policiais saíram às ruas para cumprir 86 mandados judiciais. As operações terminaram com mais de 20 pessoas presas no Brasil e no exterior.