SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, começou o desmonte de rochas em áreas afetadas pela chuva que devastou a cidade no mês passado. O objetivo é restabelecer a segurança nas regiões mais duramente atingidas pelo temporal do dia 15 de fevereiro.

Os deslizamentos e inundações provocaram a morte de 233 pessoas -138 mulheres e 95 homens. Desse total, 44 eram crianças e adolescentes. Oito corpos ainda não foram reconhecidos e quatro pessoas seguem desaparecidas. O Corpo de Bombeiros continua as buscas.

Nesta quarta-feira (9) a Defesa Civil municipal começou o desmonte das rochas localizadas na rua Primeiro de Maio, nas proximidades da praça Pasteur. O trabalho é realizado com a participação de uma empresa especializada, contratada pela prefeitura. Na região, a primeira rocha a passar pelo desmonte tinha cerca de 20 toneladas.

A técnica utilizada para o desmonte das rochas é a detonação exotérmica, com um produto autorizado e fabricado pelo Exército. Por segurança, os moradores da rua precisaram ser afastados a 50 metros de distância da explosão e o trânsito foi interrompido.

Outras duas rochas já foram desmontadas durante a semana. No Morro da Oficina, no Alto da Serra, foi realizado o desmonte e a remoção de 85 toneladas de rochas. Havia o risco de deslocamento das mesmas.

Os serviços de desmonte e remoção são realizados também na região do Caxambu e vão chegar a outros locais, como as ruas Nova e 24 de Maio.

No momento, Petrópolis tem 804 pessoas vivendo em 25 abrigos. Elas já foram cadastradas para receber o aluguel social de R$ 1 mil, mas ainda procuram as novas casas. A maioria está abrigada em escolas estaduais e municipais, adaptadas para a emergência.

Foram registradas 5.328 ocorrências relacionadas ao temporal do dia 15 de fevereiro. Desse total, 4.561 foram deslizamentos de terras e rochas que provocaram desabamentos e mortes de dezenas de pessoas. O temporal também arrastou carros e dois ônibus. Na fase de recuperação da cidade, 451 carros foram retirados das ruas da cidade.

O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou um inquérito civil para apurar eventuais responsabilidades na queda de dois ônibus no rio Quitandinha durante a chuva. O objetivo do inquérito é coletar informações, depoimentos, documentos e realizar outras diligências para subsidiar eventual ajuizamento de ação civil pública.

O temporal destruiu bairros e matou famílias inteiras. Segundo a Defesa Civil, caíram sobre Petrópolis 259,8 mm de chuva, o equivalente a 259,8 litros por metro quadrado, o maior volume já registrado na cidade em 90 anos.

A destruição causada pelas chuvas também afetou o comércio local. De acordo com pesquisa feita pelo IFec RJ (Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises), as chuvas na cidade causaram um prejuízo de mais de R$ 78 milhões ao comércio.

Segundo o estudo, 65,8% dos comerciantes tiveram perda ou queda de faturamento e 32,4% tiveram seus estabelecimentos ou depósitos alagados. O levantamento ouviu 245 comerciantes entre os dias 16 e 17 de fevereiro.

Nesta quarta, o prefeito Rubens Bomtempo (PSB) anunciou a criação de uma moeda social na cidade. O projeto-piloto será implantado nas áreas mais atingidas pelas chuvas e tem o objetivo de fortalecer a economia local.

De acordo com a proposta, os beneficiários de políticas sociais receberão recursos por meio dessa moeda, que só poderá ser utilizada em estabelecimentos credenciados no município.

"É uma forma de criar mecanismos importantes de defesa da nossa economia e fazer com que os recursos possam realmente circular no nosso município", disse o prefeito.