SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O médico e escritor Paulo Niemeyer foi eleito nesta quinta-feira (18) para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Ele obteve 25 votos numa eleição em que concorria contra o educador indígena Daniel Munduruku e o escritor Joaquim Branco pela vaga deixada pelo crítico literário Alfredo Bosi.

Niemeyer é neurocirurgião e autor de "No Labirinto do Cérebro", obra de não ficção publicada ano passado pela Companhia das Letras.

Uma petição com mais de cem assinaturas de escritores e personalidades da cultura circulou na última semana em defesa da candidatura de Munduruku, reforçando a importância da representatividade de uma liderança indígena na Academia Brasileira de Letras.

A nova eleição vem na esteira de outros momentos de grandes holofotes para a Academia, que adicionou dois nomes reluzentes aos seus quadros nas últimas semanas: o cantor e compositor Gilberto Gil e a atriz Fernanda Montenegro.

Como a produção literária de ambos não é tão relevante quanto sua atuação em outros campos artísticos, as escolhas ensejaram um debate sobre uma mudança no escopo da instituição, que estaria buscando se popularizar.

Em entrevista, o presidente da ABL, Marco Lucchesi, afirmou que a entidade tem se aberto recentemente a um senso mais amplo de cultura. "A Academia absorveu o conceito antropológico de cultura, no qual a literatura é um capítulo essencial, mas não exclusivo."