SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A executiva de vendas Caroline de Oliveira Rivelles, 30, diz que está "mais feliz do que receosa" em voltar a frequentar a avenida Paulista, em São Paulo.

"As pessoas estão mais conscientes com a Covid-19. E aqui é muito gostoso, temos liberdade. Minha filha pode andar e correr e eu não preciso me preocupar com carros", segue ela, que estava acompanhada do marido, o motoboy Ernande de Almeida Jesus, 30, e da filha Lorena, 2.

Moradora do bairro do Ipiranga, Caroline conta que passou a frequentar parques perto de sua casa enquanto a Paulista não reabria.

"Minha filha adora aqui. Está gostando bastante", segue ela. Cartão postal da capital paulista, a avenida foi reaberta neste domingo (18) exclusivamente para pedestres e ciclistas pela primeira vez desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em março de 2020.

Agora, reabre em caráter experimental -com horário reduzido, das 8 h às 12 h. O experimento ocorre em meio ao aumento da vacinação na capital paulista. Segundo a administração municipal, 70% da população elegível já foi vacinada com ao menos uma dose contra a Covid-19.

Antes da pandemia, a avenida ficava aberta para o lazer das 10 h às 18 h aos domingos e feriados.

"Ando por aqui todos os domingos. Mas assim sentimos que somos mais donos da cidade", diz o arquiteto Roberto Kodama, 61, que estava de bicicleta.

"Apesar do estado da pandemia, é importante voltar a ocupar a cidade. Esse evento teste vai depender muito mais da responsabilidade das pessoas que frequentam aqui. Tem muita gente sem máscara, achando que são mais velozes do que o vírus", continua.

O gerente de vendas Luiz Otávio Morelli, 33, também comemorou a reabertura. "A gente tinha perdido esse parque público em São Paulo. Que bom que voltou", diz ele. Sua mulher, a engenheira agrônoma Camila Morelli, por outro lado, avalia que "ainda não era a hora de abrir". "As pessoas têm que estar mais vacinadas. Acho um risco porque as pessoas aglomeram mesmo e tem gente sem máscara", segue.

Apesar das internações e mortes na cidade seguirem em queda, especialistas alertam para a necessidade de cuidados na retomada das atividades, já que há circulação de variantes mais agressivas no município.

O fluxo de pessoas e ciclistas aumentou a partir das 10 h, quando os termômetros marcavam 18° em SP. Muitas famílias, com crianças, tomavam a via. O passeio também atraiu turistas que estavam na capital paulista.

O produtor Antonio Caldas, 47, que viajava com a família, resolveu estender sua estadia para aproveitar a Paulista aberta. "É fantástico. Chega a arrepiar ver as pessoas curtindo a vida de novo. Acredito que o pior da Covid-19 já passou", afirma.

A reportagem também conversou com pessoas de Recife, Belo Horizonte, Manaus e Goiânia.

Apresentações musicais e pernaltas (grupo que se equilibra em pernas de pau) estavam espalhados pelos dois sentidos da via. Os artistas distribuíam máscaras e álcool em gel, em ação da Prefeitura de SP.

O músico Junior da Violla, 43, que se apresenta por lá desde 2017, espera um maior movimento neste domingo (18). "As pessoas estão loucas para sair de casa", diz.