Parcial indica oposição à frente nas primárias argentinas para eleição legislativa
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domingo, 12 de setembro de 2021
SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Com mais de 80% dos votos computados, as primárias argentinas para a eleição legislativa de meio de mandato apontam vantagem de pré-candidatos da oposição.
A coalizão de centro-direita Juntos, comandada pelo ex-presidente Mauricio Macri, obteve, até o momento, 40,51% dos votos, enquanto a aliança do governo, Frente de Todos, obteve 30,72%.
As principais diferenças ocorreram na província de Buenos Aires, principal foco do pleito, pois concentra a maior parte do eleitorado do país (38%). A candidata peronista, María Tolosa Paz (33,5%), teve mais votos que seus rivais, Diego Santilli (22,76%) e Facundo Manes (15,55%). Ambos, porém, serão parte de uma mesma lista no pleito de 14 de novembro e, juntos, podem ultrapassar a peronista.
No começo da noite, Tolosa Paz e seus assessores festejaram pulando e dançando. Depois, ela foi criticada, já que o governo não se saiu bem em nível nacional. A candidata, que ocupava o cargo de responsável pelo Conselho Federal de Políticas Sociais, ligada diretamente ao Executivo, e só renunciou ao posto para disputar a eleição, é de total confiança do presidente Alberto Fernández.
Na cidade de Buenos Aires, a diferença foi grande em favor da oposição. Ainda segundo os resultados preliminares, a aliança Juntos obteve 48,28% dos votos, com Maria Eugênia Vidal à frente, contra 24,62% do peronista Leandro Santoro. A capital é governada pelo macrismo desde 2007, primeiro com o próprio Macri, em duas gestões, e agora por Horacio Rodríguez Larreta, que tem claras ambições presidenciais.
Os libertários, força ultradireitista que despontou nos últimos anos, tiveram boa performance, encabeçados pelo economista Javier Milei. Com 13,64%, ele se qualificou para a votação de novembro com chances de colocar o partido Avanza Libertad pela primeira vez no Congresso.
A participação foi de mais de 70%, cifra baixa para os padrões argentinos. A jornalistas o ministro do interior, Wado de Pedro, afirmou que considerava o índice bom "em razão da pandemia". Houve atrasos e filas ao longo do dia nos postos de votação, para que o protocolo sanitário pudesse ser respeitado.
Na Argentina, os partidos políticos se unem em coalizões para as disputas. A aliança governista, por exemplo, é formada por partidos e correntes do peronismo. Há peronistas tradicionais e moderados, como o presidente Fernández, os mais à direita, como o atual chefe da Câmara dos Deputados, Sergio Massa, e a corrente mais à esquerda, liderada por Cristina Kirchner.
Recentemente, devido aos tropeços de Fernández, investigado por causa de uma festa realizada em sua casa no momento em que a população enfrentava duras restrições sanitárias, descumprindo assim um decreto presidencial, a ala kirchnerista passou a atacar o presidente. Assim, Cristina voltou a aparecer em atos e em comícios para tentar reestabelecer a harmonia dentro da coalizão.

