SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Diante das tensões entre Rússia e Ucrânia, os líderes de Alemanha, EUA, França, Itália e Reino Unido expressaram sua determinação para que a soberania da Ucrânia seja respeitada, divulgou a Presidência francesa em comunicado nesta segunda-feira (6).

Os países sublinharam também seu compromisso em atuar para manter a paz e a segurança na Europa e a necessidade de a Rússia reativar negociações com a Ucrânia no âmbito do "Quarteto da Normandia", grupo diplomático que conta ainda com França e Alemanha.

Autoridades americanas alertaram no último mês para uma movimentação incomum de tropas russas com 94 mil soldados próximo à fronteira com a Ucrânia, e manifestaram preocupação com uma possível ofensiva russa em janeiro que envolveria 175 mil homens --o que Moscou nega e chama de alarmismo. O governo Biden já disse que "prepara ações abrangentes e significativas" para ajudar Kiev em caso de invasão.

O comunicado do Palácio do Eliseu foi divulgado após uma videoconferência entre os cinco mandatários na véspera da reunião bilateral virtual marcada para esta terça (7) entre o americano Joe Biden e o russo Vladimir Putin.

A reunião entre os EUA e os europeus faz parte de encontros com aliados-chave previstos por Biden para para coordenar a mensagem e uma forte solidariedade transnacional. Nesse sentido, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, também falou hoje por telefone com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

"Concordamos em continuar com nossas ações conjuntas e combinadas", escreveu em rede social o ucraniano, que, usando capacete e colete à prova de balas camuflado, visitou hoje as trincheiras na linha de frente do conflito contra os separatistas pró-Rússia na região do Donbass, no leste da Ucrânia.

Biden, por sua vez, conversará com o Zelenski nos seguintes seguintes à reunião com Putin.

A Rússia também se pronunciou nesta segunda em meio aos alertas das potências ocidentais. O estado das relações entre Moscou e Washington foi classificado como "muito lamentável" pelo porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, ao falar sobre a agenda do encontro entre os dois presidentes.

Ele citou especificamente três tópicos da conversa: "A tensão em torno da Ucrânia, o tema do avanço da Otan sobre nossas fronteiras e as iniciativas do presidente Putin para garantir a segurança", disse.

O Kremlin nega uma invasão iminente e afirma que as tropas estão posicionadas ao longo de seu próprio território por razões puramente de defesa. Para Moscou, o aumento da presença da Otan, coalizão militar de potências ocidentais, em torno de antigas repúblicas soviéticas, e a possibilidade de o grupo posicionar mísseis na Ucrânia mirando a Rússia, é "uma linha vermelha" que os EUA não poderão cruzar.

Putin demanda garantias de segurança de que a Otan não vai se expandir pela região e não vai posicionar armamentos próximo ao território russo, ao passo que Washington tem repetido que nenhum país pode vetar a aliança da Otan com a Ucrânia. "Eu não aceito linhas vermelhas de ninguém", disse Biden na última sexta-feira.

Uma autoridade do governo americano disse a jornalistas nesta segunda que Biden deve alertar Putin das graves consequências econômicas que o país vai enfrentar se invadir a Ucrânia, e deve dizer que o país não deseja ter que usar a força na região.

Os Estados Unidos ofereceram na última semana mediar negociações entre Moscou e Kiev para por fim aos conflitos que resultaram na deposição do governo ucraniano há quase oito anos, bem como negociar o fim do apoio russo a grupos separatistas. Serguei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, afirma que Moscou não tem objeções quanto a isso a princípio.