Pacientes são transferidos de UPA por risco de falta de oxigênio em SP
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sábado, 20 de março de 2021
PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dez pacientes atendidos na UPA Ermelino Matarazzo (zona leste) tiveram que ser transferidos, na noite desta sexta-feira (19), por risco de faltar oxigênio.
Eles foram levados de ambulância a um hospital em Itaquera. Outros 50 pacientes permaneceram na unidade sendo atendidos por nebulização.
O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou que, como a White Martins não conseguia fazer a entrega a tempo, os profissionais da UPA decidiram pela transferência.
"O problema não é o oxigênio; é o esgotamento logístico da entrega do produto que está causando a demora. Numa UPA como essa nós enchíamos o tambor de oxigênio uma vez por semana; agora, chega a três vezes por dia e não está dando conta. Nós conseguimos avaliar o caso e tomar a decisão adequada e rápida para a transferência dos pacientes".
Segundo ele, a pasta está concentrando os pacientes de Covid-19 nos grandes hospitais para que possa ter um abastecimento constante de oxigênio. Edson Aparecido afirmou que não há risco de falta de oxigênio na capital paulista.
O secretário disse também que procurou a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para o empréstimo de cilindros e que a Secretaria Municipal da Saúde realiza compra de cilindros e faz a locação de usinas de oxigênio para serem colocadas nas unidades.
Em nota, a White Martins afirma que não faltou oxigênio para a UPA Ermelino Matarazzo, mesmo com o aumento do consumo do produto na unidade em 16 vezes -de 89 metros cúbicos por dia em dezembro de 2020 para 1.453 metros cúbicos por dia no dia 18 de março.
Nesta sexta, segundo a empresa, a UPA consumiu todo o produto do tanque de oxigênio e o sistema iniciou automaticamente o uso da central reserva de cilindros.
"A rede interna de distribuição do oxigênio para uso terapêutico é de responsabilidade dos estabelecimentos assistenciais de saúde e a White Martins tem alertado exaustivamente seus clientes sobre os riscos envolvidos na transformação de unidades de pronto atendimento em unidades de internação para pacientes com Covid-19 sem um planejamento adequado. Muitas unidades não possuem redes centralizadas com a dimensão adequada para expansão do consumo, agravando a condição de fornecimento de gás para suportar ventiladores, inaladores e outras práticas terapêuticas. Essas condições interferem na pressão necessária para alimentar os ventiladores utilizados em pacientes críticos, o que leva à percepção equivocada de que há falta de gás", diz trecho da nota.
Segundo a White Martins, a adaptação de unidades de pronto atendimento só deve ser realizada após um estudo de viabilidade, a fim de permitir a adequação da infraestrutura, a avaliação da acessibilidade dos veículos de transporte e, consequentemente, a garantia e a confiabilidade para entrega, armazenamento e uso de um produto essencial como o oxigênio.
De acordo com a empresa, a UPA Ermelino Matarazzo foi notificada formalmente sobre a necessidade de informar previamente qualquer incremento de consumo do produto à fornecedora, para avaliação e adequação dos seus equipamentos instalados e malha logística.
"Até o momento, a White Martins não recebeu nenhum retorno desta unidade sobre a previsão de demanda ou necessidades de acréscimo no consumo de oxigênio mesmo diante do cenário acima narrado", afirma a empresa.
Na cidade de São Paulo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI também é preocupante. Na sexta, os hospitais municipais estavam com 1.230 leitos UTI Covid-19 em operação, com taxa de 89%.