BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - Cientistas do L'Institut Pasteur em Paris, na França, forneceram pela primeira vez evidências sólidas da existência de uma cepa do novo coronavírus que combina as variantes delta e ômicron. Os pesquisadores, contundo, não acreditam que isso seja motivo de preocupação.

Embora vários países suspeitassem do surgimento de uma variante "deltacron", os virologistas franceses enviaram a sequência genômica completa ao banco de dados internacional de Covid-19 nesta terça-feira (8), confirmando a nova cepa oficialmente.

Um caso de deltacron foi registrado em Soissons, norte da França, e outros são suspeitos na Dinamarca e Holanda.

No mês passado, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido classificou o vírus "recombinante" delta e ômicron como um "sinal sob investigação" —dois níveis abaixo de uma variante de preocupação— após casos suspeitos no Reino Unido, mas estes ainda não foram confirmados.

A perspectiva de uma cepa combinando duas das versões mais potentes do coronavírus até agora pode parecer assustadora, principalmente porque a delta era mais grave do que outras e a ômicron, altamente infecciosa.

Mas os cientistas enfatizam que agora há imunidade substancial na população humana contra ambas as variantes, então não há razão para pensar que isso representaria um risco maior.

Além disso, o caso em Soissons foi rastreado até janeiro, o que significa que já teria decolado se tivesse alguma vantagem real em uma população —da maneira que a ômicron fez em novembro e dezembro.

De acordo com a análise do código genético da "deltacron", sua "espinha dorsal" é derivada da variante delta, enquanto seu pico -a parte do vírus que se liga às células humanas- é da ômicron.

Os vírus recombinantes surgem quando um paciente é infectado com duas variantes ao mesmo tempo, e a combinação ocorre quando suas células se replicam juntas.

Autoridades de saúde do Reino Unido dizem que a variante não está ligada ao aumento de casos e internações hospitalares no Reino Unido na semana passada.

Maria van Kerkhove, líder técnica de Covid da OMS (Organização Mundial da Saúde), tuitou que os recombinantes eram "esperados, especialmente com intensa circulação de omicron e delta", e que sua equipe estava "rastreando e discutindo" a variante.

Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, também postou nas redes sociais: "Sabemos que eventos recombinantes podem ocorrer, em humanos ou animais, com múltiplas variantes circulantes de #SARSCoV2. Precisamos esperar pelos experimentos para determinar as propriedades desse vírus. Importância do sequenciamento, análise e compartilhamento rápido de dados ao lidarmos com essa pandemia."