SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A diretora técnica da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Daniela Kinoshita Ota, atribuiu a falhas humanas a omissão do código de Covid-19 nos atestados de óbito de pacientes da Prevent Senior. A operadora de saúde é acusada por médicos de adulterar os documentos para forjar as estatísticas da doença.

De acordo com a diretora técnica, houve esquecimento de funcionários que elaboraram os atestados de óbito "pela situação, a quantidade de pessoas que estavam sendo internadas, a quantidade de profissionais que estavam atuando naquele momento".

"A gente entende que [foram falhas humanas]", disse a diretora à CPI da Câmara Municipal nesta quinta-feira (17).

A ANS vem acompanhando os procedimentos da operadora de saúde desde outubro do ano passado, quando a diretora técnica foi nomeada.

Segundo ela, a operadora finalizou no fim de fevereiro o Plano de Saneamento Assistencial, mecanismo criado para sanar os problemas no atendimento aos beneficiários. "Vamos começar a ver mudanças na estrutura de atendimento a partir de março", disse a diretora técnica.

Em relação aos cuidados paliativos, que concentram a maior parte das denúncias de familiares e de pacientes, a diretora disse que foi recomendado um reforço no treinamento da equipe para esclarecer os conceitos de cuidados paliativos, "que estavam criando conflitos entre médicos e pacientes".

Segundo a diretora, a Prevent Senior se comprometeu a reestruturar a comissão que decide sobre esse tipo de tratamento.

A diretora técnica da ANS afirmou que foram encontradas falhas na atuação em três comissões da Prevent Senior, de Ética Médica, de Revisão de Prontuários e de Revisão de Óbitos. "Não revisavam todos os óbitos que estava acontecendo, não tinha registro disso", disse Daniela sobre falhas na gestão de documentos.

Em relação às visitas às unidades de atendimento, a diretora afirmou que em um dos prontos-socorros da rede o ar condicionado não era suficiente para manter a temperatura do ambiente, que fica abafado. "É um pronto-socorro com bastante gente e também idosos, ainda mais no momento da pandemia."

Convocados pela terceira vez para prestar depoimento à CPI nesta quinta-feira, os donos da operadora de saúde, os irmãos Fernando e Eduardo Parrillo, não compareceram. Com isso, a fase de oitivas será encerrada sem a oitiva dos empresários.

"Acho um desrespeito com a CPI e com os beneficiários da Prevent Senior", disse o vereador Antonio Donato (PT), presidente da CPI, após ler comunicado dos advogados da empresa justificando a ausência. Segundo a defesa, os empresários estão no Rio de Janeiro em compromissos corporativos.

Na última quinta (10), os irmãos Parrillo também faltaram à convocação da CPI e afirmaram, via advogados, que estavam no Rio de Janeiro para atender compromissos da empresa.

Na semana anterior, a justificativa para a ausência foi que os irmãos apresentaram sintomas gripais após viajarem juntos durante o feriado de carnaval.