Nubank recebe US$ 500 milhões de fundo de Warren Buffett (1)
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 08 de junho de 2021
DANIELE MADUREIRA E FILIPE OLIVEIRA
BRASÍLIA, DF, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O banco digital Nubank anunciou nesta terça-feira (8) a extensão de uma rodada de investimentos de US$ 750 milhões (R$ 3,787 bilhões). O principal aporte, de US$ 500 milhões (R$ 2,525 bilhões), vem da Berkshire Hathaway, fundo do megainvestidor americano Warren Buffett.
A injeção de capital leva o Nubank a um total de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,1 bilhões) levantados com investidores para acelerar sua expansão desde o início do negócio. O valor de mercado da fintech é estimado em US$ 30 bilhões (R$ 151 bilhões).
Neste novo cenário, a avaliação do valor de mercado da fintech superou o da corretora XP, com US$ 22,9 bilhões (R$ 115,5 bilhões) na manhã desta terça (8) e do banco BTG (R$ 112,7 bilhões). Também é maior que o do Banco do Brasil, de R$ 103 bilhões.
O banco Itaú tem valor de mercado de R$ 298,2 bilhões e o Bradesco R$ 254,2 bilhões, enquanto o Santander Brasil é avaliado em R$ 170 bilhões.
Novos investidores, como a Berkshire Hathaway, nos ajudam a acelerar a nossa missão de desburocratizar a vida das pessoas na América Latina, afirmou o Nubank em comunicado. De acordo com a instituição, os novos investimentos colocam a fintech como o banco digital mais valioso do mundo e uma das maiores instituições financeiras da América Latina.
No mercado de startups, como as companhias fazem várias captações com investidores ao longo dos anos, com valores e objetivos diferentes dependendo de seu estágio de maturação, cada rodada de investimentos que a empresa recebe fica conhecida a partir de uma letra do alfabeto.
Os investimentos anunciados pelo Nubank agora integram a Série G da companhia, uma rodada iniciada em janeiro, com a captação de US$ 400 milhões (R$ 2,020 bilhões). A Verde Asset Management, gestora liderada por Luis Stuhlberger, e a Absoluto Partners, de José Zitelmann e Gustavo Hungria, se juntaram a um grupo de fundos que incluiu investidores anteriores da companhia para somar os US$ 250 milhões (R$ 1,262 bilhão) anunciados nesta terça (8) e que se somam ao aporte da empresa de Buffett.
Com os novos recursos, a rodada iniciada em janeiro soma agora US$ 1,15 bilhão (R$ 5,806 bilhões) em investimentos. É a maior captação já feita por uma startup na América Latina, superando o US$ 1 bilhão injetado na Rappi em 2019 pelo Softbank, segundo a consultoria em inovação Distrito.
Neste ano, em que o mercado de investimentos em startups no Brasil está aquecido, Loft e QuintoAndar, ambas do mercado imobiliário, fizeram a segunda e a terceira maior rodada deste mercado. As empresas levantaram US$ 525 milhões (R$ 2,8 bilhões) e US$ 300 milhões (R$ 1,15 bilhão), respectivamente.
O Nubank afirma que, desde a sua fundação, há oito anos, se tornou o maior banco digital do mundo em número de clientes, que somam 40 milhões. Nos cinco primeiros meses do ano, recebeu mais de 45 mil novos clientes por dia.
Estamos muito animados em anunciar estas novidades pois, com elas, a gente vai poder acelerar ainda mais nossa expansão internacional, diz a fintech em comunicado.
Além do cartão de crédito, produto com o qual a fintech chegou ao mercado em 2013, a companhia oferece conta digital, empréstimo pessoal, produtos de investimentos (fundos da própria plataforma ou da corretora digital Easynvest, adquirida em 2020), seguro de vida, produtos para microempreendedores e serviços de pagamentos instantâneos.
A companhia diz concentrar cerca de um quarto de todas as transferências Pix do país. Além do Brasil, a companhia busca expandir seus negócios no México e na Colômbia.
Para Diego Perez, presidente da ABFIntechs (Associação Brasileira de Fintechs), diz que o aporte de Buffett chama atenção porque o investidor tem como princípio escolher empresas sólidas e que tenham perspectiva de retornos sustentáveis no longo prazo.
Perez diz acreditar que os recursos do Nubank serão usados principalmente paraq contratação de profissionais, o que pode vir também a partir de aquisições de empresas, dada a dificuldade para contratar programadores em um mercado competitivo, e também para a entrada em novos mercados.
A leitura de Perez é que, enquanto no Brasil a fintech atingiu uma grande fatia do mercado que estava insatisfeita com os grandes bancos ou desbancarizada, ainda é possível que encontre outras regiões em que um cenário de concentração em poucas instituições financeiras e muitos consumidores de fora se repita.
Entre os fatores que ajudam a explicar o sucesso do Nubank, Perez inclui o conhecimento sobre captação de investimentos e do sistema financeiro de seus fundadores. O colombiano David Vélez trabalhou com investimentos em startups para fundo americano antes de fundar a fintech junto à executiva Cristina Junqueira, com experiência no Itaú e o americano Edward Wiblem responsável pela infraestrutura tecnológica da empresa.
Entre os grupos que já investiram no Nubank estão o chinês Tencent, conhecido pelo superapp WeChat (aplicativo com grande número de funções) e fundos americanos como Sequoia Capital Founders Fund e Tiger Global Management. O Kaszek Ventures, de criadores da empresa de origem argentina Mercado Livre também acompanha a fintech desde seus primeiros anos.
*
VALOR DE MERCADO DE BANCOS QUE OPERAM NO BRASIL NESTA TERÇA (8), SEGUNDO DADOS DA BLOOMBERG:
Itaú: R$ 298 bilhões
Bradesco: R$ 254 bilhões
Santander Brasil: R$ 170 bilhões
Nubank: R$ 151 bilhões (US$ 30 bilhões)
XP: R$ 115,5 bilhões ( US$ 22,9 bilhões)
BTG: R$ 113 bilhões
Banco do Brasil: R$ 103 bilhões
Banco Inter: R$ 49 bilhões
MAIORES RODADAS DE INVESTIMENTO EM STARTUPS BRASILEIRAS, SEGUNDO O DISTRITO
Nubank - US$ 1.15 bilhões
Loft - US$ 525 milhões
Quinto Andar - US$ 300 milhões
Loggi - US$ 212 milhões
MadeiraMadeira - US$ 190 milhões
Cloudwalk - US$ 180 milhões
Hotmart - US$ 126 milhões
*
RAIO-X DO NUBANK
Ano de fundação - 2013
Número de funcionários - mais de 4 mil, de 37 nacionalidades diferentes
Clientes - 40 milhões, somando Brasil, México e Colômbia
Investimento captado - US$ 2 bilhões (mais de R$ 10 bilhões)
Principais concorrentes - Itaú, Bradesco e Santander