SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O novo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, enviou neste domingo (17) uma oferenda ao santuário Yasukuni, local visto por nações vizinhas, sobretudo a Coreia do Sul, como um símbolo do passado militarista do país. Em resposta, o governo sul-coreano expressou "profunda decepção" com o ato.

O templo em Tóquio homenageia 14 líderes condenados como criminosos de guerra por um tribunal internacional, além de 2,5 milhões de soldados mortos em conflitos desde o fim do século 19.

Seul considera que o Japão não se arrependeu o bastante dos crimes cometidos por seus soldados na expansão colonialista do arquipélago, entre 1910 e 1945, e cada visita ao Yasukuni reaviva sua cólera.

Kishida enviou a árvore masakaki para a celebração do festival bianual do santuário, realizado na primavera e no outono. Dois ministros também mandaram ao templo árvores consideradas sagradas.

O premiê foi eleito o 100º líder do país no começo deste mês e convocou eleições para 31 de outubro. Assim, sua postura em relação às nações vizinhas está sendo observada com atenção.

A última vez em que um primeiro-ministro japonês esteve no templo foi em 2013. À época, a visita de Shinzo Abe gerou indignação da China e da Coreia do Sul e rendeu críticas dos Estados Unidos.

Neste domingo, o antecessor de Kishida, Yoshihide Suga, esteve no local. Ele evitava ir ao templo desde 2012, quando se tornou porta-voz de Abe, e só enviou oferendas após assumir como premiê, em 2020.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sul-coreano afirmou que o seu país "lamenta que líderes japoneses tenham enviado a oferta novamente ou repetido suas visitas ao santuário Yasukuni".

Segundo a autoridade, os líderes japoneses precisam "enfrentar a história e demonstrar com atos uma humilde introspecção e suas reflexões sobre o passado".