SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nesta terça-feira (15), empresas da China continental listadas na Bolsa de Hong Kong atingiram os menores patamares desde 2008, afundando as ações chinesas para mínimas em 21 meses.

O desempenho sucede o aumento de casos de Covid-19, que ameaça as perspectivas para a segunda maior economia do mundo e reacende o temor de novos gargalos na cadeia de suprimentos global.

Segundo analistas ouvidos pela agência Reuters, a crise na Ucrânia também pesava no sentimento, ressuscitando temores sobre o aumento das diferenças entre Pequim e Washington. Nesta semana, os Estados Unidos levantaram preocupações sobre o alinhamento da China com a Rússia, levando investidores globais a abandonar ações chinesas listadas no exterior.

A frustração com a decisão do banco central do país de não reduzir uma importante taxa de juros também entra na equação. Participantes do mercado esperavam um corte na taxa MLF, instrumento de empréstimo de médio prazo para instituições financeiras. No entanto, o Banco do Povo da China disse que irá manter os juros em 2,85%.

Com isso, índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 4,6%, para mínima desde 15 de junho de 2020, enquanto o índice de Xangai teve queda de 5%. Já o índice Hang Seng de Hong Kong caiu 5,7%, para mínima desde 12 de fevereiro de 2016, com o China Enterprises Index perdendo 6,6%, para 6.123,94, o menor nível desde 29 de outubro de 2008.

Onda de Covid pode atrapalhar cadeias globais

O aumento nas infecções registradas na China deve comprometer ainda mais as já desgastadas cadeias de suprimentos globais. Segundo o New York Times, autoridades chinesas estão impondo restrições a moradores, fechando fábricas e interrompendo o tráfego de caminhões.

O país adotou uma abordagem de tolerância zero, que estabelece bloqueios rigorosos e testes em massa. Como várias das maiores cidades industriais do país estão lutando contra surtos, essas medidas estão afetando as fábricas e as redes de transporte chinesas.

De acordo com o jornal americano, as medidas sanitárias estão interrompendo a produção de produtos acabados, como carros Toyota e Volkswagen e iPhones da Apple, além de componentes como placas de circuito e cabos de computador.

Nesta segunda, a empresa gigante taiwanesa de eletrônica Foxconn, um dos principais fornecedores da Apple, suspendeu suas operações no centro tecnológico na cidade de Shenzhen, que foi confinada pelo governo chinês devido a uma nova onda de contaminação por Covid-19.

Além disso, os custos de frete internacional, problema que contribuiu para a inflação global no ano passado, começaram a subir novamente. Navios estão enfrentando atrasos de pelo menos 12 horas nos portos chineses e poderão ter que esperar até duas semanas para sair.