SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o aumento de internações por Covid-19, hospitais privados de São Paulo voltam a lotar e planejam adaptações para que os pacientes com outras doenças não fiquem desassistidos. Não há previsão de suspensão de cirurgias e procedimentos eletivos por enquanto.

Nesta sexta (28), o Hospital Albert Einstein trabalhava com 106% de taxa de ocupação geral. Isso quer dizer que havia pacientes no pronto-atendimento à espera de um leito. As internações incluem casos de Covid-19, outras doenças e pacientes cirúrgicos.

"Desde o final do ano, a gente não parou. As pessoas estão procurando para fazer suas cirurgias adiadas, o que é bom. Estamos trabalhando no limite", explica Sidney Klajner, presidente do Einstein.

Segundo ele, como medida preventiva, será montada na próxima semana uma tenda em anexo ao hospital para atender pacientes não- Covid de baixa complexidade.

"Os casos de Covid estão aumentando dia a dia. Volta a pressão na demanda dos prontos-socorros, aumentam internações em leitos normais, mas, principalmente, nas UTIs", diz Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp (sindicato dos hospitais, clínicas e laboratórios paulistas).

Nesta sexta (28), a UTI Covid do Hospital Alemão Oswaldo Cruz estava com 99% de ocupação. Eram 141 pacientes internados, sendo 69 na UTI. O hospital como um todo tinha taxa de ocupação de 96%.

"Se compararmos a taxa de ocupação de UTI Covid-19 da primeira semana do mês com a semana vigente, dia 28 de maio, o crescimento foi de 25%", diz o Oswaldo Cruz em nota. Reforça ainda que é possível a abertura de novos leitos de internação e de UTI de acordo com as demandas.

O Einstein observa um crescimento contínuo de internações por Covid desde o dia 14 de maio, quando havia 114 pacientes hospitalizados e uma disponibilidade de 121 leitos para a doença.

Com o aumento de casos, o número de leitos subiu para 172. Nas últimas quarta (26) e quinta (27), os internados por Covid somavam 168. Nesta sexta, eram 164, dos quais 75 em unidades de terapia intensiva e semi-intensiva.

"De dez dias para cá, observamos um aumento linear, que é reflexo do comportamento das pessoas", diz Klajner. No Einstein, a curva de aumento das consultas por telemedicina de pacientes com sintomas de Covid tem funcionado como preditor da alta de internações dias depois.

"Isso tem permitido a gente se programar para não deixar de atender aquilo que não é Covid. As pessoas não podem protelar mais. Operei na semana passada uma urgência de vesícula. A paciente retardou a ida ao hospital porque estava esperando melhorar a pandemia. [Devido ao agravamento], precisou ficar uma semana internada porque teve pancreatite", conta Klajner.

O Hospital Sírio-Libanês registrava no início deste mês 139 pacientes internados por Covid, com uma taxa de ocupação geral de 80%. No dia 17, passou para 141 internados e 75% de ocupação. Nesta sexta, somava 186 pacientes e uma ocupação geral de 93%.

"Desde sexta passada, observamos um aumento consistente de internações. Não dá para bater o martelo de que se trata de uma terceira onda, mas preocupa muito. A dúvida é se é uma oscilação ou se vai continuar subindo. O nosso temor é que continue subindo", diz Felipe Duarte, gerente de práticas médicas do Sírio.

Ele explica que o hospital lançará mão dos planos adotados nas últimas duas ondas da pandemia para redimensionar os espaços. "A gente consegue fazer um rearranjo e adaptar as estruturas para responder a esse aumento dos dois lados, dos casos de Covid e dos não-Covid."

Segundo Duarte, o pronto-atendimento e os exames de diagnóstico de Covid funcionam como termômetros para o aumento de internações que costuma ocorrer em seguida.

"Desde a última semana a gente observa uma alta de novos diagnósticos e do volume de atendimento no PA, já reflexo do relaxamento de medidas sociais que levam a mais contaminações."

A rede de hospitais São Camilo também já computa alta de internações por Covid. Nesta sexta, tinha 76% de taxa de ocupação nas enfermarias e 67% nas UTIs. No dia 14 de maio, as respectivas taxas eram de 60% e 50%.

"Como os percentuais variam constantemente, a instituição tem remanejado diariamente seus leitos internos para garantir que pacientes com outras comorbidades graves também sejam atendidos", diz o hospital em nota.

Com a população mais idosa já vacinada, tem caído a faixa etária dos pacientes mais críticos. Um levantamento do Sindhosp mostra que hoje 18% dos pacientes de UTI Covid têm entre 35 e 59 anos. Em 2020, eles representavam 10%.

"Outro fator é a exposição da população mais jovem, que relaxou mais nas medidas de distanciamento", diz Duarte.