SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um grupo de escritores eminentes veio a público convocar as pessoas na Rússia a revelarem e transmitirem a verdade a respeito da guerra na Ucrânia, se posicionando contra a propaganda do governo russo, que omite informações sobre o conflito. Os autores fazem um apelo para que o povo russo seja contatado por "todos os meios possíveis".

Assinado por 17 personalidades, o documento tem entre os signatários a escritora bielorrusa e vencedora do prêmio Nobel de literatura Svetlana Aleksiévitch, cuja obra é marcada justamente por retratar as cicatrizes das guerras sobre pessoas comuns.

Outros escritores, como o sul-africano J.M. Coetzee, a alemã Herta Müller, a austríaca Elfriede Jelinek e a polonesa Olga Tokarczuk, também vencedores do Nobel, estão entre outros que apoiaram o documento, que afirma: "Nós estamos apelando a todos que falam a língua russa, a pessoas de todas a nacionalidades, aos falantes nativos, àqueles para quem o russo é a segunda ou terceira língua. Hoje a língua russa está sendo usada pelo Estado russo para espalhar o ódio e justificar a guerra vergonhosa contra a Ucrânia. Na língua russa, a mídia oficial fica repetindo mentiras infinitas que estão criando uma cortina de fumaça ao redor das agressões."

"Nessa situação, é fundamental revelar aos cidadãos russos a total verdade sobre a agressão russa na Ucrânia. Sobre o sofrimento e as perdas da nação ucraniana. Sobre civis sendo alvejados e mortos. Sobre o perigo para todo o continente europeu. E possivelmente para o toda a humanidade, dada a ameaça factual de um conflito nuclear", diz outro trecho do documento.

Foi mencionada também a destruição das fontes de informação independentes na Rússia, como ocorreu com os veículos internacionais BBC, Radio Liberty e Deutsche Welle, que tiveram a atividade impedida no país desde que o parlamento sancionou uma lei que rotula de ofensa a divulgação de informações falsas sobre as forças armadas russas.

Nesta quinta (3), um dos principais veículos russos, o canal TV Rain, interrompeu a transmissão após ter sido pressionado por sua cobertura da invasão na Ucrânia, que tem deixado centenas de mortos.