SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Seguindo os passos da banda Fresno e da cantora Marina Sena neste domingo (27), último dia do Lollapalooza, o rapper Djonga foi mais um a desafiar a liminar do Tribunal Superior Eleitoral e puxar um coro de 'Fora, Bolsonaro' da plateia.

No sábado (26), o ministro do tribunal Raul Araújo classificou como propaganda eleitoral as manifestações políticas das cantoras Pabllo Vittar e Marina realizadas no festival no dia anterior e determinou multa de R$ 50 mil para a organização do festival se houver outras.

"Dedo do meio para o alto, e pensem em um cara que vocês odeiam", engatou o rapper. "Bolsonaro, vai tomar no cu. Vou falar 20 vezes isso hoje. Não é para falar? Então vou, faltam 19."

O rapper não escondeu sua oposição ao atual presidente, aliás. "Se vocês amam o Bolsonaro, problema de vocês, eu odeio", disse.

Voltando ao Brasil após uma temporada em Paris com a família, ele iniciou seu show com uma introdução de "Belé", do disco "Ladrão", de 2019.

Repleto de hits e de interação com o público, o show teve seu primeiro ápice com "O Cara de Óculos", do disco "Histórias da Minha Área", de 2020, seguido por um dos seus maiores sucessos --"Junho de 1994", do disco "O Menino que Queria ser Deus", de 2018.

A apresentação prosseguiu com "Solto", de 2018, canção que deixou o clima mais romântico e, segundo o próprio rapper, "menos pesado". Outra mais romântica apareceu na sequência: "Leal", de 2019.

"Nós", música do seu ultimo disco, "Nú", de 2021, com letras sobre violência e racismo deixou o clima do show mais pesado --a apresentação foi acompanhada de um bailarino que fazia movimentos seduzindo o cantor.

Durante a apresentação, o rapper FBC, dono do hit "Se Tá Solteira", que estourou no TikTok, subiu ao palco para cantar a música "Gelo", presente no disco "Eu e esse cara aqui já cantamos para 20 pessoas, já brigamos, já nos resolvemos", comentou Djonga enquanto abraçava Padrim, apelido de FBC.

O show continuou com "Hoje Não", de 2020. Minutos após a canção o rapper perguntou: "Já xinguei o cara lá quantas vezes? 5? Faltam 15, então, vai tomar no cu, Bolsonaro."

O próximo hit que apareceu no set list foi "UFA", de 2020, canção cheia de referências ao grupo de rap Racionais MCs, e que Djonga divide com os rappers Sidoka e Sant. Antes de começar "Procuro Alguém", de 2020, Djonga dedicou a canção para seus familiares. "Te amo, Jorge [primeiro filho do cantor]. Te amo, vó. Te amo, Malu [esposa do cantor] e te amo, filha."

Outro momento emotivo do cantor foi durante a música "Bença", 2019. Enquanto cantava, o rapper deitou no palco e chorou.

"Olho de Tigre", hit do refrão "fogo nos racistas", foi o apogeu do show. Antes de iniciar a música, Djonga novamente gritou contra o presidente: "Vai tomar no cu, Bolsonaro."

O músico encerrou a apresentação pedindo para o público abrir uma roda e, diferente de qualquer outro músico do festival, avisou: "Coyote [seu DJ], não quero mais cantar, vou para o meio do público."

"Esses dias, eu dei um soco em um cara aí [o cantor se refere ao episódio de racismo denunciado por ele durante um jogo da final da Copa do Brasil entre Atlético Mineiro e Atlético Paranaese, em dezembro de 2021], mas entendam, foram 25 anos calado, quando a gente reage, a gente é julgado".

Antes de acabar sua apresentação, no meio dos fãs, Djonga por mais cinco vezes puxou o coro: "Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu".