SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma sessão turbulenta iniciou a votação no Parlamento israelense que deve aprovar, neste domingo (13), a formação de uma coalizão que tirará Binyamin Netanyahu do cargo de primeiro-ministro após 12 anos no poder.

Premiê com a trajetória mais longeva do país, Netanyahu, 71, deve ser sucedido pelo ultradireitista Naftali Bennett, 49, que tem o apoio de uma coalizão de oito partidos, que vão da esquerda radical à direita ultranacionalista.

Esse bloco foi formado para tentar pôr fim à crise política que já dura dois anos, período no qual foram realizadas quatro eleições -todas terminaram sem que nenhum grupo conseguisse a maioria no Parlamento, o que permitiu a Netanyahu seguir no cargo de maneira interina.

A sessão iniciou às 16h (hora local, 10h do horário de Brasília). O atual premiê usou palavras duras ao se dirigir ao Parlamento. "Se o nosso destino é estar na oposição, faremos isso de cabeça erguida, derrubaremos esse governo ruim e voltaremos a liderar o país à nossa maneira" disse. "Voltaremos logo."

Bennett, por sua vez, começou seu discurso agradecendo Netanyahu por seu "serviço duradouro e cheio de realizações em prol do Estado de Israel", mas afirmou que iniciaria um governo "razoável e responsável", pondo fim a um "terrível período de ódio entre o povo de Israel."

Enquanto discursava sobre as políticas da nova coalizão, ele foi interrompido diversas vezes por parlamentares leais a Netanyahu, que gritaram "vergonha" e "mentiroso".

"O que está acontecendo aqui é basicamente democracia", retrucou. "Um novo governo está substituindo o anterior. É assim que deve ser."

Bennett prometeu expandir acordos com países árabes disse que seu governo vai promover medidas econômicas em prol dos palestinos, mas que qualquer violência por parte deles seria respondida com força..

Ele prometeu seguir com a mesma agenda de Netanyahu em relação à principal preocupação de segurança do país, o Irã, o que deve gerar uma fricção com a gestão do americano Joe Biden a respeito do pacto nuclear entre Teerã e potências mundiais. O antecessor de Biden, Donald Trump, deixou o acordo, mas Biden quer retomá-lo.

"A renovação do acordo nuclear com o Irã é um erro que deve novamente legitimar um dos regimes mais obscuros e violentos do mundo", disse Bennett. "Israel não vai permitir que o Irã se equipe com armas nucleares."

Agradecendo Biden por "anos de compromisso com a segurança de Israel" e por "apoiar Israel" durante o conflito com o grupo Hamas em Gaza no mês passado, Bennett disse que seu governo buscará fortalecer as relações com democratas e republicanos nos EUA. "O governo vai fazer um esforço para aprofundar e melhorar nossas relações com os dois partidos", disse.

Já Netanyahu afirmou que Bennett não tem o apoio internacional, a credibilidade e a capacidade de "verdadeiramente se opor" ao acordo com o Irã.