SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Embora as perspectivas para o crescimento da economia brasileira em 2022 venham em progressiva deterioração nas últimas semanas, negócios digitais que vêm se beneficiando do aumento da digitalização nos hábitos da população devem manter um ritmo de crescimento resiliente.

A avaliação é de Luiz Frias, fundador e presidente do conselho de administração da empresa de serviços financeiros e meios de pagamento PagBank PagSeguro, pertencente ao Grupo UOL -que tem participação minoritária e indireta do Grupo Folha, que edita a Folha de S.Paulo. Frias também é publisher do jornal.

"A companhia [PagSeguro] tem crescido cerca de 50% por ano nos últimos anos, e as discussões macroeconômicas não afetam tanto nossa operação", disse o executivo durante o PagSeguro Day, acrescentando que a empresa deve entregar um novo crescimento na casa dos 50% em 2021.

Na avaliação dele, o esforço que tem sido feito pelos grandes bancos nos últimos anos para rivalizar com as fintechs não tem sido muito bem-sucedido.

A concentração bancária no Brasil vem caindo, mas ainda é elevada. Os cinco maiores detêm cerca de 70% da oferta de crédito no país, o que representa uma grande oportunidade para as fintechs, afirmou Frias.

"Um mercado financeiro concentrado e não digital é uma enorme oportunidade para disrupção por parte de novos concorrentes digitais como nós", afirmou o fundador da PagSeguro. "Nunca estive mais confiante com o futuro da companhia como hoje."

Segundo Frias, parte do otimismo com as perspectivas para o negócio se deve ao potencial da frente de banco digital por meio do PagBank, que aponta para um mercado endereçável mais de 20 vezes superior ao de adquirência da PagSeguro.

No final de setembro de 2021, o banco digital chegou à marca de aproximadamente 12,2 milhões de usuários ativos --crescimento de 83% ano contra ano-- , com cerca de 1 milhão de clientes investidores e aproximadamente 2 milhões de contas de pessoas jurídicas.

Frias afirmou que, nos próximos dois anos, o PagBank deve alcançar cerca de 35% do total da base de clientes do Nubank, o que representa aproximadamente 14 milhões de clientes, considerando o número reportado pelo concorrente de 41 milhões em junho de 2021, e um crescimento de aproximadamente 15%, ante setembro.

Além disso, a receita do PagBank, estimou Frias, será de cerca de 15% a do Nubank em dois anos --a receita de intermediação financeira do Nubank atingiu a marca de R$ 4 bilhões na primeira metade do ano, o que leva a um valor estimado para a operação do banco digital PagBank de cerca de R$ 600 milhões.

No terceiro trimestre, a receita do PagBank, foi de R$ 240 milhões. A estimativa passada por Frias corresponde, portanto, a uma expansão de aproximadamente 150%.

De todo modo, a operação de PagSeguro, assinalou o presidente da empresa, Ricardo Dutra, também tem apresentado bons resultados em 2021.

Ele disse que, entre os meses de outubro e novembro, em cinco dias as maquininhas da empresa registraram uma média de transações financeiras de R$ 1 bilhão diários.

A empresa registrou lucro líquido recorrente de R$ 418,7 milhões no terceiro trimestre de 2021, de acordo com balanço divulgado na semana passada.

O resultado da companhia representou um crescimento de 26,7% na comparação com os R$ 330,4 milhões obtidos em igual período do ano passado.

Os números foram impulsionados pelo crescimento de 85,8% no volume de pagamentos e transações financeiras processadas, que alcançaram a marca de R$ 125,6 bilhões.

Segundo a companhia, os resultados do trimestre estão relacionados com o movimento de diversificação das fontes de receita, provenientes, principalmente, de estratégias voltadas a microempreendedores.