Não há ministro da Saúde que consiga trabalhar com sabotagem de Bolsonaro, diz governador do RS
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segunda-feira, 15 de março de 2021
DANIELLE BRANT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Um dos nomes apontados como alternativa no PSDB às eleições presidenciais de 2022, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, criticou nesta segunda-feira (15) a falta de articulação do governo federal e afirmou que o problema no Ministério da Saúde é a "sabotagem" feita pelo presidente Jair Bolsonaro.
Eduardo Leite participou na manhã desta segunda de uma audiência da comissão temporária do Senado que discute medidas de enfrentamento à Covid-19.
Além dele, também estiveram presentes seu colega de partido e nome também associado às eleições de 2022, o governador de São Paulo, João Doria, e os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).
Leite foi questionado sobre como via a possibilidade de substituição do ministro Eduardo Pazuello (Saúde), que ganhou força no final de semana. Um dos nomes cogitados para o posto do general, a cardiologista Ludhmila Hajjar deve recusar o convite de Bolsonaro para comandar o Ministério.
"O que eu vi depois de três trocas de ministros que o presidente já fez é que o problema está nas orientações que o presidente dá", afirmou. "Não há ministro que consiga trabalhar com a sabotagem feita pelo próprio presidente da República às medidas necessárias para o combate ao coronavírus."
Leite elogiou Pazuello e disse que o ministro sempre foi gentil, atencioso e disponibilizou os equipamentos e ferramentas. "Mas, quando a gente precisa avançar na articulação internacional na vacina e apoio para as medidas de distanciamento, são dois problemas que o presidente da República não tem ajudado", disse.
"E aí fica difícil exigir que o ministro da Saúde consiga resolver. Precisamos do presidente sensibilizado. Se não for para oferecer ajuda, que seja para parar de oferecer ataques, agressões e atrapalhar o processo de enfrentamento da pandemia."
O tucano também falou sobre a disputa mundial para obter vacina.
"Nunca antes na história da humanidade foi demandado fazer pesquisa, produzir vacina e distribuir na escala global como se está demandando agora, e tem a culpa do nosso governo, que colocou o Brasil no final da fila porque ficou negando durante muito tempo a importância das vacinas", afirmou. "Foi negacionista, criticou, atacou as vacinas."
Doria também fez fortes críticas à falta de coordenação do governo federal para conseguir imunizantes.
"Metade das mortes, senadoras e senadores, que hoje o Brasil contabiliza poderiam ter sido evitadas se não tivéssemos um governo negacionista e que continua sendo negacionista", disse. "Este mesmo governo, há três semanas, publicou um edital para comprar mais cloroquina, quando deveria estar em busca de compra de vacinas e colocar as vacinas à disposição dos brasileiros."
Doria afirmou que Bolsonaro "será condenado por tribunais internacionais". "O que ele está promovendo no Brasil é um genocídio. Estamos matando os brasileiros, é inacreditável isso."
O governador negou qualquer caráter eleitoreiro em suas críticas e afirmou não estar preocupado com a disputa de 2022. "Já disse, inclusive, se precisar não disputar, eu não disputo nada."
O governador de São Paulo também falou sobre o fechamento de cassinos clandestinos no final de semana. O jogador Gabigol, do Flamengo, foi flagrado em um dos locais.
"Lamentavelmente um deles até com pessoas que deveriam dar exemplo de conduta e deram exatamente o pior exemplo, participando de uma atividade ilegal, sem máscara e com aglomeração", disse. "Eu chamo isso de eventos da morte, são festas da morte, festas que levam as pessoas à contaminação", afirmou.
Flávio Dino, do Maranhão, também criticou a falta de coordenação do governo federal e afirmou que a decisão do consórcio de governadores do Nordeste de comprar imunizantes não tem como objetivo burlar a prioridade do Plano Nacional de Imunização.
"As vacinas devem ser destinadas ao PNI. Apenas na eventualidade de o Ministério da Saúde não cumprir esse papel, estados e municípios devem consumar as contratações."
Na mesma linha, Renato Casagrande, do Espírito Santo, cobrou o cumprimento do cronograma de vacinação e defendeu que o Congresso lidere um grupo também formado por governadores, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e integrantes do Ministério da Saúde para acompanhar o calendário de imunização.