SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ator e cantor Tiago Abravanel, 33, retrucou e classificou como homofóbico os comentários da tia, a apresentadora Patrícia Abravanel, sobre relacionamentos entre gays. A fala polêmica foi ao ar no programa "Vem Pra Cá" (SBT), nesta terça-feira (1).

Em vídeo pelas redes sociais, Abravanel começou o papo dizendo que o comentário o pegou de uma forma errada e que resolveu fazer o vídeo para dizer como ele, como homem gay, se sente ao ouvir o que ela comentou.

"Em primeiro lugar, orientação sexual não é uma questão de opinião. É uma questão de respeito. Você não precisa ser como eu, mas precisa respeitar quem eu sou e ponto final", disse.

"Opinar você opina se uma roupa é bonita ou feia para você. Se você quer café ou chá ou se você gosta de doce ou salgado. A orientação sexual não é da opinião de ninguém. A não ser da pessoa que escolheu ser aquilo que ela é. Escolheu não. Ela nasceu assim", emendou Abravanel.

Outro momento do comentário de Patrícia que mexeu com a comunidade LGBTQIA+ foi quando ela disse que eles precisavam ser mais tolerantes com quem erra ou é mais "conservador".

"Eu acho que não é questão de tolerância. Pessoas sofrem e morrem por isso. Quando um casal de gays está na av. Paulista e leva lâmpada na cabeça não dá tempo de explicar. Não é a gente que sofre que tem que ensinar", afirmou.

O cantor e ator finalizou o vídeo se prontificando a ajudar Patrícia a entender melhor caso ela deseje ligar para ele. "Quando vai na TV ao vivo e fala o que acredita ou bem entende você é responsável por aquilo. Não dá para passar mão na cabeça", concluiu.

ENTENDA O CASO

A apresentadora Patrícia Abravanel, 43, voltou a se envolver em polêmica, nesta terça-feira (1º), ao falar sobre homofobia no programa Vem Pra Cá (SBT). Ela defendeu maior compreensão dos gays a pessoas que ela chamou de "conservadoras" e debochou da sigla LGBTQIA+.

O discurso polêmico aconteceu quando a filha de Silvio Santos, 90, comentava as críticas recentes ao ator Caio Castro, 32, e à apresentadora Rafa Kalimann, 28, que compartilharam um vídeo com falas preconceituosas e contrárias a relacionamentos homossexuais em suas redes sociais nos últimos dias.

"Acredito que nós, mais velhos e que fomos educados por pais mais conservadores, estamos aprendendo, estamos nos abrindo, mas é um direito também das pessoas respeitarem. Por que não concordar em discordar? Podemos ter opiniões diferentes, e tudo bem! Tudo é muito enfatizado, muito polemizado", afirmou Abravanel.

Ela disse ainda que não acredita que Caio Castro e Rafa Kalimann são homofóbicos, mas "foram educados de uma outra maneira". "Acho que, assim como LGBTYH (sic), não sei, querem o respeito, eles têm que ser mais compreensíveis com aqueles que hoje ainda não entendem direito ou estão se abrindo para isso", continuou ela.

Procurada pela reportagem, a advogada Marina Ganzarolli, especialista em direito à diversidade e presidenta da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-SP, critica a fala de Patrícia Abravanel, que ela diz se enquadrar "em um discurso de ódio e que pode, sim, ter a lei de racismo aplicada contra ela".

Ganzarolli diz que a apresentadora desqualifica uma discussão muito importante, que é a conversa com quem pensa diferente. Para ela, o diálogo é fundamental, mas muitas vezes vem camuflado de boa intenção, só para reforçar o discurso de que existem modelos ideais e padrões de amor, como ela classifica a fala de Abravanel.

Em 2016, a apresentadora já havia afirmado que não era contra "o homossexualismo (sic), mas contra falar que é normal". Internautas protestaram e até seu sobrinho, o ator Tiago Abravanel, comentou: "A incompreensão daquilo que pode parecer diferente, mas não é. Como é possível se o amor é igual para todos?"

O SBT foi procurado para comentar a polêmica desta terça, mas afirmou que não vai comentar o assunto.