BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Nesta terça-feira (1º), quem chegava para o centro de eventos em Barcelona que recebe o MWC (Mobile World Congress) se deparava com um pequeno grupo com bandeiras azuis e amarelas pedindo o fim da guerra na Ucrânia.

Pouco menos de dez pessoas aguardavam na entrada do evento com cartazes, parados, em manifestação pacífica. Uma das pessoas oferecia broche com fitas das cores da bandeira ucraniana.

"Cortem a internet da Rússia. Nada de tecnologia aos invasores", dizia um dos cartazes. Outros clamavam por um boicote ao país, lembravam as mortes de civis e colocaram um símbolo de proibido sobre a logo da empresa russa de cibersegurança Kaspersky.

O tom não muda muito do que veriam do lado de dentro do MWC. O apoio à Ucrânia e apelos pelo fim da guerra apareceram nas falas de executivos do alto escalão de grandes empresas do setor de tecnologia.

"Os eventos desconcertantes do começo do século 21, como o que acontece agora na Ucrânia, nos lembram que faltam valores à tecnologia", José María Álvarez-Pallete, CEO da Telefónica.

A ele, se juntam nomes como os de Nick Read, CEO da Vodafone, e Joan Laporta, presidente do Barcelona. Gestos de apoio aos ucranianos se repetiram, sem falta, em todas as grandes apresentações acompanhadas pela reportagem.

A GSMA, entidade que congrega as teles e organiza o evento, foi um pouco além das palavras e baniu do evento o pavilhão da Rússia -no MWC, alguns países têm áreas determinadas para onde levam empresas locais. Segundo a agência de notícias Reuters, algumas empresas russas também foram retiradas do evento.

"Estamos seguindo sanções internacionais e algumas empresas que estão na lista de sanções serão impedidas de participar", disse John Hoffman, CEO da organizadora do evento, GSMA, à Reuters. Ele não especificou quais são as empresas.

Na palestra de abertura do evento, o diretor geral da GSMA, Mats Granryd disse que a organizadora "condena fortemente a invasão russa sobre a Ucrânia".

O MWC é um dos maiores e mais importantes eventos de tecnologia do mundo, focado no setor de telecomunicações, e acontece nesta semana em Barcelona.

Após um hiato em 2020 e uma versão reduzida em 2021, o evento retornou a seu formato tradicional neste ano. A expectativa da organização é receber entre 40 e 60 mil participantes --número abaixo dos 109 mil de 2019.

Uma grande manifestação contra a Rússia está marcada para a noite desta quarta-feira (2) em Barcelona. Segundo o site Metrópoli, mais de 200 entidades, como sindicatos, partidos políticos e associações de profissionais, confirmaram presença no protesto.

Será a segunda manifestação na cidade em apoio aos ucranianos nesta semana. No domingo (27), cerca de 300 pessoas se reuniram na praça Catalunha, no centro da cidade, segundo a Europa Press.

SEM LIGAÇÃO

Em nota à reportagem, a Kaspersky, que apareceu nos cartazes de manifestantes, diz que não tem qualquer ligação com o governo russo ou de qualquer outro país.

"Saudamos o início das negociações para resolver o conflito na Ucrânia e esperamos que levem à cessação das hostilidades e a uma solução diplomática. Acreditamos que o diálogo pacífico é o único instrumento possível para a resolução de conflitos. A guerra não é boa para ninguém", diz o texto.

O jornalista viajou a convite da Huawei