SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Há um ano, Lorena Muniz, de 25 anos, viajou de Recife a São Paulo para realizar um sonho antigo: colocar próteses mamárias. Na data em que faria o procedimento, na clínica Saúde Aqui, no bairro da Liberdade —que não tinha alvará de funcionamento— o local pegou fogo, e ela foi abandonada por médicos e enfermeiros sedada, na sala de cirurgia. Lorena morreu depois de passar alguns dias em coma, em decorrência da inalação de fumaça enquanto estava desacordada.

A morte mobilizou a comunidade LGBTQIA+ e, agora, Lorena pode dar nome à atual rua da Glória, no bairro da Liberdade, onde a clínica estava localizada.

Na última segunda-feira (21), data em que a morte de Lorena completou um ano, a vereadora Érika Hilton (PSOL-SP) protocolou um projeto de lei pedindo que a via seja rebatizada e passe a se chamar rua da Glória - Lorena Muniz.

"O caso da jovem Lorena não pode ser tratado como um fato isolado. É preciso atenção integral à saúde das pessoas trans, que deve contemplar todas as suas necessidades, garantindo o acesso, sem qualquer tipo de discriminação, às atenções básicas, especializadas e de urgência e emergência, incluindo acolhimento, acompanhamento, procedimentos clínicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos", escreveu Érika Hilton, ao anunciar a proposta.

Na época, a vereadora e a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) acompanharam o caso e prestaram apoio à família de Lorena —seu marido, Washington Barbosa, e sua mãe, Elisângela Muniz.

RELEMBRE O CASO

Segundo Washington, marido de Lorena, contou nas redes sociais, ela viajou a São Paulo com uma amiga para realizar o procedimento, que era seu maior sonho. Chegou a receber anestesia e estava deitada na maca quando um curto-circuito atingiu a clínica Saúde Aqui. Lorena só teria recebido socorro com a chegada dos bombeiros.

Washington, que estava em Recife, só soube do ocorrido dois dias depois, ao ver circulando nas redes sociais o vídeo de profissionais de saúde correndo para fora da clínica enquanto Lorena era deixada na sala de cirurgia.

Lorena morreu no pronto-socorro do Hospital das Clínicas, onde passou cinco dias internada em estado grave.

No Instagram, ele contou que ela desembolsou R$ 4.000 para fazer o procedimento. "A vida de Lorena valeu R$ 4.000, minha gente", disse, chorando, ao anunciar a morte da esposa nas redes sociais.

A clínica Saúde Aqui chegou a ser interditada, mas hoje segue funcionando e ainda oferece cirurgias estéticas pelas redes sociais. Nenhum membro da equipe médica foi julgado.