BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da frente Povo Sem Medo invadiram o edifício-sede da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), na região central da capital paulista, no início da tarde desta quinta-feira (23), em um protesto contra a fome.

A ideia foi a de fazer uma manifestação simbólica para evidenciar a agudização do problema da fome no Brasil atualmente, que ocorre de maneira simultânea ao enriquecimento dos estratos mais ricos do país, dizem os organizadores. Na base do processo, afirmam, estão as políticas do governo Jair Bolsonaro.

Segundo a assessoria de comunicação da B3, a manifestação ocorreu de forma pacífica e já foi encerrada, não tendo havido impacto para as operações de mercado.

Os manifestantes entraram em um local de acesso público, de trânsito livre, chamado de Espaço B3, onde ficaram por aproximadamente uma hora, no início da tarde. Na sequência, continuaram o ato em frente ao edifício.

Em uma primeira avaliação após o ato, a B3 não encontrou qualquer dano às estruturas do espaço.

"Estamos acompanhando a situação calamitosa do país, 19 milhões de pessoas passando fome, 15 milhões de desempregados, inflação nos produtos básicos, na gasolina, no butijão de gás. Do outro lado, tivemos a duplicação do número de bilionários no país. Gente que recebe dinheiro de maneira fácil, não investe no crescimento do país. Isso decorre da política de Bolsonaro de privilegiar o setor financeiro às custas da miséria do povo", afirma Felipe Vono, coordenador do MTST.

"De um lado, arrocho no salário, desemprego, inflação, carestia. De outro, a minoria da sociedade enriquecendo cada vez mais. Isso é o que viemos denunciar", completa.

Segundo Vono, o mote mais geral do protesto é "tá caro, a culpa é do Bolsonaro". Ele afirma que é um ato simbólico, pacífico, no qual apresentaram um jogral e também um manifesto com as motivações da intervenção. A ideia é deixar o edifício em breve.

Dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, conduzido pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), mostraram que a fome atingiu 19 milhões de brasileiros na pandemia em 2020.

Eles estão entre as 116,8 milhões de pessoas que conviveram com algum grau de insegurança alimentar no Brasil nos últimos meses do ano, o que corresponde a 55,2% dos domicílios.

Mesmo com a pandemia e a piora dos indicadores econômicos, o número de bilionários brasileiros cresceu em 2021. De acordo com a Revista Forbes, pelo menos mais 40 pessoas conseguiram atingir a marca de R$ 1 bilhão de patrimônio neste ano, impulsionadas pelo aumento de oferta de ações na Bolsa.

Segundo a Forbes, os incentivos financeiros lançados mundialmente para combater a crise aqueceram o mercado de capitais e foram um dos principais fatores para o aumento de patrimônio dos super-ricos.