CAMPINAS, S (FOLHAPRESS) - Morreu nesta terça-feira (2), o artista plástico makuxi Jaider Esbell aos 41 anos. A informação foi confirmada por seu galertista, André Millan, que preferiu não dar mais detalhes sobre o assunto. De acordo com amigos do artista, a causa da morte foi suicídio.

Pessoas próximas ao artista viram um sinal de alerta em uma postagem feita em seu Instagram na semana passada, com a legenda "para o além".

Suas obras estão atualmente em exposição em São Paulo na mostra "Moquém_Surarî: Arte Indígena Contemporânea", no Museu de Arte Moderna de São Paulo, desde setembro, como parte da Bienal de São Paulo. Ela reúne pinturas, esculturas, e obras referentes a diversos povos indígenas.

O artista nasceu em 1977, em Normandia, no estado de Roraima, na terra indígena Raposa Serra do Sol, e se consolidou nos últimos anos como uma das figuras centrais da arte indígena contemporânea no país, ao lado de nomes como Denilson Baniwa e Isael Maxakali. Ele se mudou para Boa Vista aos 18 anos, quando já havia participado da articulação de povos indígenas e de movimentos sociais.

"O 'artivismo' nada mais é do que fazer essa agitação, essa política e comunicação cada vez mais definidas dentro do argumento artístico", disse ele em entrevista a este jornal, em maio deste ano. "Entendemos a arte como uma ferramenta politica", diz o artista plástico sobre o termo que direciona seu trabalho.

No cerne de sua obra está a figura do jenipapo, planta fundamental na cosmologia makuxi, etnia da qual faz parte. É ela que aparece em pinturas de Esbell com motivos mitológicos e que tinge tecidos que ele elabora.

Além de uma exposição na galeria Millan, em maio -sua primeira individual em São Paulo-, Jaider Esbell também apresentou suas obras na mostra de arte indígena "Véxoa - Nós Sabemos", na Pinacoteca.

"Acredito que as coisas estejam acontecendo no tempo certo, na medida certa e, aos poucos, isso está se consolidando", disse, em relação à profusão de obras indígenas. "As instituições vão entender que a gente vêm para ficar, e que não somos um modismo."