SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma mulher grávida prestes a dar à luz morreu no ataque russo à maternidade em Mariupol, no sul da Ucrânia, na última quarta-feira (9), segundo a agência de notícias Associated Press.

Imagens da gestante sendo resgatada ensanguentada em uma maca se tornaram um dos símbolos do ataque ao hospital, descrito por autoridades ucranianas como um crime de guerra.

Segundo a agência, ela foi levada a outro hospital, ainda próximo ao fronte de batalha, com ferimentos graves na pélvis e no quadril. Os médicos fizeram uma cesariana, mas o bebê já estava morto.

Segundo um cirurgião, ao perceber que estava perdendo o bebê, a mulher chegou a gritar: "Me matem agora". Ela foi submetida a técnicas de ressuscitação, mas não resistiu aos ferimentos. Os médicos disseram que não tiveram tempo de pegar o nome da mãe e do bebê, e ela foi identificada pelo marido após o falecimento.

A Rússia justificou o ataque dizendo que extremistas ucranianos usavam a maternidade como esconderijo, e disse que não havia médicos e pacientes no local. Jornalistas, porém, viram e relataram uma série de feridos sendo resgatados às pressas, incluindo grávidas e crianças.

Ainda de acordo com a agência de notícias, a mulher era uma de três gestantes que foram identificadas como vítimas do ataque à maternidade. As outras duas e seus respectivos bebês sobreviveram.

A equipe médica disse ainda que se sentia grata porque, apesar da tragédia, a mulher não foi enterrada em uma vala comum. Desde a última quinta-feira (10), parte dos mortos nos ataques a Mariupol tem sido enterrada em covas coletivas devido ao volume de mortos e à dificuldade de identificação dos corpos.

Segundo o governo da Ucrânia, ao menos 17 mulheres e crianças ficaram feridas no ataque à maternidade e ao hospital infantil. Imagens do local indicam que a área ao lado do prédio foi atingida por artilharia ou por aviões.

"A destruição é colossal. Ataque direto de tropas russas à maternidade. Pessoas, crianças estão sob os escombros", escreveu no Twitter, na ocasião, o presidente Volodimir Zelenski.

Mais tarde no mesmo dia, o ucraniano acusou Moscou de promover um genocídio. "Que país é esse, que tem medo de hospitais e maternidades e os destrói?".

O Ministério da Defesa da Rússia negou, no dia seguinte, que suas tropas tenham bombardeado o local. Segundo a pasta, imagens de pessoas feridas e as acusações por parte de autoridades ucranianas fazem parte de uma "provocação encenada".

O chanceler russo, Serguei Lavrov, descreveu como "patéticas" as alegações de ataque. Ele alega que, ao contrário do que foi dito por Kiev, o prédio atacado estava sem pacientes há dias e vinha sendo ocupado por soldados ucranianos.

A embaixada da Rússia no Reino Unido fez uma série de publicações no Twitter e no Facebook em que chamava o bombardeio da maternidade de "fake news". O material, contudo, foi removido pelas plataformas. Uma das postagens trazia imagens com uma tarja vermelha com a palavra "fake" (falso) e dizendo que a maternidade servia de base para a resistência ucraniana contra as forças russas.