SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu nesta quarta (14), em Paris, o artista plástico francês Christian Boltanski, aos 76 anos.

A informação foi confirmada por Bernard Blistène, ex-diretor do museu de arte moderna do Centro Pompidou, que disse que o artista estava doente em um hospital da capital francesa há alguns dias, sem informar o motivo da morte. Segundo o site FranceInfo, o artista enfrentava um câncer.

Boltanski era um dos grandes nomes da arte contemporânea francesa. Nascido em setembro de 1944, numa Paris recém-liberada dos nazistas, de pai médico de origem judaica e mãe escritora francesa que viviam escondidos, ele teve seu trabalho marcado pela memória e pelos traumas do Holocausto.

Na juventude, ele enveredou pela pintura, que abandonaria em 1968 para se dedicar à fotografia e às grandes instalações, a principal marca de seu trabalho.

Aos longo dos anos 1970, Boltanski participa de importantes mostras, como a Documenta de Kassel, com trabalhos baseados em fotografias que recolhe de desconhecidos ou em álbuns de família de amigos. Estão ali os temas centrais de sua carreira, a investigação sobre identidade, as relações entre presente e passado, lembrança e esquecimento, e o tempo breve da vida humana diante da longa duração da história.

Boltanski expôs da Bienal de Veneza em 2011 uma grande instalação com imagens de bebês em fotos preto e branco que seguiam por uma estrutura que lembrava uma grande gráfica.

Entre suas instalações mais dramáticas, o artista levou em 2010 uma pilha imensa de roupas usadas ao suntuoso espaço principal do Grand Palais, em Paris. Debaixo do delicado teto de ferro e vidro do museu, uma espécie de guindaste cavoucava os trapos, jogando tudo de um lado para o outro. Era uma alusão aos corpos apodrecendo nas valas comuns dos campos de concentração.

O artista expôs em São Paulo uma grande instalação de estruturas feitas em papelão na área de convivência do Sesc Pompeia em 2014 e, na galeria paulistana Baró, em 2015, mostrou uma obra de luzes e sons baseada nas batidas de seu coração.

Boltanski manteve ainda uma longa colaboração artística com sua companheira Annette Messager, também artista plástica francesa, vencedora do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2005.

Sob a direção de Blistène, o Centro Pompidou, um dos museus mais importantes da França, havia dedicado a Boltanski uma retrospectiva no fim de 2019, com cerca de 50 obras.