SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu nesta terça-feira (15) aos 80 anos o ex-militar José Anselmo dos Santos, conhecido como Cabo Anselmo.

A informação foi confirmada por um ex-advogado dele. O jornalista da rede Jovem Pan Jorge Serrão afirmou que o ex-militar, de quem era amigo, teve um mal súbito e foi sepultado nesta quarta em Jundiaí (SP).

Anselmo foi o mais conhecido agente duplo da ditadura militar e afirmava que delatou militantes da esquerda para não ser morto.

Antes, havia sido figura de destaque na mobilização de marinheiros que antecedeu o golpe contra o presidente João Goulart, em março de 1964. Foi preso e cassado logo no início do novo regime.

Em 2012, teve negado pedidos de indenização feito ao governo federal e para ser reintegrado à Marinha.

A Comissão de Anistia, ao rejeitar o pedido, pôs em dúvida desde quando o ex-militar passou a colaborar como o regime. O parecer citava, por exemplo, declaração do chefe de Inteligência do governo Goulart afirmando que Anselmo era um "agente provocador da CIA desde os eventos que antecederam o golpe".

O ex-militar afirmou em entrevista nos anos 1980 que fugiu da cadeia, em 1964, "pela porta da frente". Foi para o Uruguai e viveu no Chile.

Dias antes do golpe que instaurou a ditadura, marinheiros haviam se rebelado dentro de um sindicato, no Rio, em mobilização que havia começado com reivindicações salariais e trabalhistas.

O Ministério da Marinha queria a prisão dos rebelados pela quebra da hierarquia, mas o então presidente rejeitou a alternativa e anistiou os marinheiros. Um dos líderes dos rebelados era Anselmo.

A decisão do presidente foi mais um componente na crise política da época e desagradou o comando das Forças Armadas, que dias depois deflagraria o golpe.

Em 2011, concedeu entrevista ao programa Roda Viva, na TV Cultura. Disse que vivia de ajuda paga por três empresários.